Auditores fiscais da Receita Federal paralisaram hoje todas as atividades em Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, em protesto pelo “aniversário” de um ano que o governo federal prometeu fazer a regulamentação do bônus por eficiência e não cumpriu.
Desde outubro do ano passado há um movimento grevista na aduana, com trabalho normal às segundas e sextas-feiras e apenas com 30% do efetivo nos demais dias.
Presidente da Delegacia Sindical de Mato Grosso do Sul, Fábio Galizia, disse ao Portal Correio do Estado que o movimento faz parte da campanha salarial. Segundo ele, foi firmado um acordo entre os auditores e o governo federal, que criou um projeto de lei, em março do ano passado, que prevê o pagamento do bônus por eficiência. No entanto, a medida ainda não foi regulamentada.
“O sindicato contou com a boa vontade do governo até outubro, quando resolveu paralisar, porque a única forma de fazer pressão é fazer a greve. Infelizmente nós temos que fazer isso”, disse Galizia
Ainda segundo ele, medida judicial garante que não haverá desconto salarial dos auditores que participam do movimento.
REUNIÃO
A paralisação tem gerado reclamações de comerciantes, despachantes e caminhoneiros em Ponta Porã, por conta da demora na liberação de carretas pela sede da aduana. Por mês, cerca de 1,2 mil carretas passam pelo local e, com a manifestação dos auditores, estariam ficando até 17 dias paradas até serem atendidas.
Para tratar do problema, ontem foi realizada uma reunião na sede da Receita Federal no município, entre o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Ponta Porã, Amauri Ozório Nunes, e o inspetor-chefe da Receita, Marcelo Rodrigues de Brito.
Representante da 1ª Região Fiscal no Comando Nacional de Mobilização, Yone de Oliveira, e o vice-presidente da Defesa Profissional da Delegacia Sindical (DS), também se reuniram com o inspetor-chefe e alguns auditores.
Conforme Nunes, o movimento está prejudicando o setor comercial e causando uma série de transtornos, tanto para motoristas quanto para empresas que usam os serviços da aduana de Ponta Porã, além do “travamento” das exportações na região.
Despachantes afirmaram que a situação de Foz do Iguaçu estaria melhor do que a de Ponta Porã, já que os empresários estariam buscando fazer uso de aduana em outros municípios por conta da paralisação, o que estaria ocasionando também uma queda na economia da cidade.
Já os auditores fiscais disseram se sentir isolados na greve em relação aos outros locais de fronteira com o Paraguai.
“Isso nos afeta diretamente através da pressão que recebemos dos despachantes, caminhoneiros, empresários e da administração. Se todos mantivessem adesão semelhante a Ponta Porã estaríamos com a campanha salarial provavelmente em vias de solução”, disse um dos auditores, que preferiu não ser identificado.
Yone defendeu o movimento dos auditores em busca de melhoria salarial e disse que existe divergências em várias localidades do Brasil, mas que todas as aduanas estão em estado de mobilização.
"As informações são desencontradas, não existe uma mobilização só em Ponta Porã. Os auditores fiscais da Receita Federal estão em movimento paredista em todo o Brasil", afirmou a delegada.