O presidente municipal do MDB, Ulisses Rocha, foi até a sede da Polícia Federal (PF), na manhã desta sexta-feira (20) e em conversa com o ex-governador André Puccinelli, Rocha disse que André está “muito indignado”. “Ele está firme, mas está indignado, toda vez que marcamos reunião, acontece isso”, expressou ao lembrar da última prisão do ex-governador que também foi decretada às vésperas de reunião marcada pela cúpula do partido.
Dessa vez ocorreu a mesma situação, a prisão de Puccinelli foi decretada no dia 18 de julho, três dias antes da convenção marcada para o dia 21, do MDB. Mas, devido a mudança da lei eleitoral, integrantes do partido preferiram adiaram o evento para o dia 04 de agosto. “Não nos atentamos com essa mudança, em que após ata de convenção ser fechada, não se pode mais fazer alianças”, explicou, anteriormente, o líder do MDB na Assembleia Legislativa, deputado estadual Eduardo Rocha.
O presidente municipal, que também é advogado de André, disse que os integrantes estão “muito solidários” e já ligaram uns para os outros para se fortalecerem. “O sentimento de que a prisão é estranha e é perseguição é unânime, ninguém é bobo, sabemos ler as entrelinhas”, disse o advogado.
Para reforçar a justificativa de que a prisão é de caráter político, Ulisses Rocha citou pesquisa que foi publicada na página do Facebook do ex-governador, em que Puccinelli aparece liderando todas. A pesquisa foi feita entre os dias 14 a 17 de julho, dois dias antes de decretada a prisão.
O presidente municipal do partido, assim como o advogado de André, Renê Siufi, declararam que o fato é o mesmo da prisão de novembro de 2017. Trechos da decisão alegam que o fato é o mesmo, mas que existem novas provas.
PRISÃO
A Polícia Federal cumpriu na manhã desta sexta-feira, em Campo Grande, a prisão preventiva do ex-governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli. Segundo advogado Renê Siufi, além de André, também foram presos o filho dele, André Puccinelli Júnior, e o advogado João Paulo Calves, em desdobramentos da Operação Lama Asfáltica. Eles foram detidos no início da manhã e encaminhados para exame de corpo de delito.
PRISÃO PASSADA
Está já é a terceira vez que o ex-governador entra na mira da PF, no âmbito da Operação Lama Asfáltica. Em 2016, foi alvo de busca e apreensão e, em novembro do ano passado, ele e o filho foram presos na Operação Papiros de Lama, desdobramento da Lama Asfáltica, que investigava organização criminosa envolvida com desvio de recursos públicos. Conforme Siufi, os mandados de agora seriam resultados de diligências feitas a partir da Papiros de Lama, embora, segundo ele, “não haja fatos novos”.
A polícia investigava nesta operação grupo que desviou recursos públicos por meio do direcionamento de licitações, superfaturamento de obras, aquisição fictícia ou ilícita de produtos, financiamento de atividades privadas sem relação com a atividade-fim de empresas estatais, concessão de créditos tributários com vistas ao recebimento de propina e corrupção de agentes públicos.
Os recursos desviados passaram por processos elaborados de ocultação da origem, resultando na configuração do delito de lavagem de dinheiro. Quando a ação foi deflagrada, foram cumpridos, dois mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária, seis de condução coercitiva e 24 mandados de busca e apreensão. Além de Campo Grande, os alvos estão localizados nas cidades de Nioaque, Aquidauana e São Paulo (SP). Os desvios chegam a R$ 235 milhões. Ainda em novembro, Puccinelli e o filho tiveram habeas corpus deferido pelo Tribunal Regional Federal (TRF-3) e passaram a responder em liberdade.