O resultado das eleições deste ano revelou novas lideranças em Mato Grosso do Sul bons de voto, que poderão tomar o posto dos políticos mais tarimbados a partir das próximas eleições. Essa manifestação do eleitor de buscar a renovação, acendeu sinal de alerta, inclusive, no prefeito de Campo Grande, Marcos Trad (PSD). Até 7 de outubro, data da eleição do primeiro turno, ele não tinha adversários para ameaçar a sua reeleição no pleito de 2020, por falta de lideranças com densidade eleitoral nos grandes partidos.
Nem o PSDB do governador reeleito Reinaldo Azambuja dispõe hoje em seus quadros de líderes de peso eleitoral para concorrer a Prefeitura de Campo Grande. O principal nome do MDB, ex-governador André Puccinelli, está preso. Da prisão, ele dita as regras e tomada de decisão do partido. Hoje, o MDB não tem outro para disputar a prefeitura. O PT, também, não tem alguém com destaque para, pelo menos, ameaçar a reeleição de Marcos Trad ou bater de frente com os novos líderes surgidos das urnas no pleito deste ano.
A disputa eleitoral deste ano abriu caminho para estreantes sonharem com as eleições municipais, em 2020. Um deles é o procurador de Justiça, Sérgio Harfouche (PSC). Ele concorreu ao Senado sem apoio, sem estrutura e foi o mais votado em Campo Grande com 163.314 votos. Harfouche não foi eleito, ficou em terceiro lugar no total dos votos.
Mas deixou para trás Nelsinho Trad (PTB), eleito senador, com 153.613 votos só dos campograndenses. A diferença foi de 9.701 votos a favor de Harfouche. Esse resultado surpreendeu Nelsinho e a coligação do governador reeleito Reinaldo Azambuja, porque ninguém imaginaria por esse desempenho do procurador de Justiça.
Até porque Nelsinho foi prefeito por dois mandatos de Campo Grande e, portanto, era o favorito pelas pesquisas dos eleitores da Capital.
Mas não foi esse cenário apresentado pelo resultado final da votação. Nelsinho acabou ficando em terceiro lugar em Campo Grande, sendo superado por Harfouche e pela advogada Soraya Thronicke (PSL), eleita senadora. Ela teve 156.797 votos na Capital. O que salvou a eleição de Nelsinho foi a votação no interior do Estado.
Com essa expressiva votação em Campo Grande, Harfouche se credencia como forte pré-candidato a concorrer a prefeitura, em 2020. A Soraya, também, poderia ser um nome da renovação política para a sucessão da prefeitura da Capital por ser do partido do futuro presidente da República, Jair Bolsonaro. Mas o pleito de 2020 não deve estar nos planos de Soraya, porque o Senado nessa fase de mudança política no Brasil com a eleição do capitão reformado para Presidência da República, pode ser mais interessante.
Mas está nos planos do juiz federal Odilon de Oliveira (PDT). Ele deu susto em Azambuja com sua expressiva votação em Campo Grande. O governador recebeu 243.742 votos e o juiz 215.193. A diferença em favor de Azambuja foi de 28.549 votos, bem longe da votação recebida em 2014, quando bateu o então senador Delcídio do Amaral (PT na época) por 123.872 votos de vantagem.
Azambuja obteve, em 2014, 289.862 votos em Campo Grande contra 165.990 de Delcídio. Esse resultado mostra perda do governador de 46.120 votos em comparação à votação deste ano. O juiz Odilon recebeu 49.203 votos a mais de Delcídio em relação a 2014.
Outra diferença é do Odilon estar estreando na política, enquanto Delcídio já tinha projeção nacional e entrou na disputa pelo governo em 2014 como franco favorito. E acabou sendo derrotado por Azambuja no segundo turno, que começou a campanha eleitoral em terceiro lugar.
Com esse desempenho eleitoral em Campo Grande, Odilon está decidido a disputar a prefeitura. Ele seria mais um forte concorrente ao lado de Harfouche para enfrentar o prefeito Marcos Trad.
Não se pode descartar a eventual pré-candidatura do Coronel Davi (PSL), deputado estadual eleito com 45.903 votos. Só em Campo Grande, ele obteve 24.218 votos e é apontado um dos “homens forte” de Bolsonaro em Mato Grosso do Sul. O Coronel se tornou com esse desempenho nas urnas um dos pré-candidatos de ponta para concorrer a prefeitura da Capital.