Arcângela Mota, TV Press
O mar é frequentemente tema de documentários e programas jornalísticos. As riquezas da vida marinha, a pesca e os esportes praticados na água são cenários recorrentes na tevê brasileira e mundial. Com a ideia de oferecer um novo olhar sobre esses assuntos, a série "Globo mar" estreia dia 8 de abril, às 22h45min, na Globo. Em nove episódios semanais, o programa, comandado pelos jornalistas Ernesto Paglia e Mariana Ferrão, viaja pelo Brasil em busca de histórias originais e curiosidades sobre o mar, abordando temas que englobam economia, esporte e lazer. "É uma série interessante porque fazemos um registro do mar de forma nova e temos recursos especiais para trabalhar", elogia Ernesto Paglia.
Os recursos a que Paglia se refere não são poucos. A série é filmada simultaneamente por três câmaras, embora normalmente, no telejornalismo, apenas uma seja utilizada. O esquema de captação de áudio também é especial, com uso de vários microfones sem fio para reduzir ao mínimo as interferências. Além disso, cada matéria é realizada em um barco diferente, adequado ao tipo de trajeto e à reportagem. "Tudo exige uma produção muito grande. Cada viagem exige um barco apropriado", explica Teresa Cavalleiro, que assina a direção geral do programa ao lado de Maria Thereza Pinheiro.
Envolvida com o projeto há quase um ano, Teresa, que trabalhou por 10 anos no "Globo repórter", defende que a nova série vai ampliar o conhecimento sobre os mares brasileiros. "O mar costuma ser associado a cartão postal, beleza e lazer, mas é muito mais do que isso. É uma fonte imensa de trabalho e riquezas e nunca foi mostrado como deveria", analisa.
Divididos em duas equipes, Ernesto e Mariana viajaram para locais diferentes e gravaram paralelamente. Em um dos episódios, Mariana acompanhou um grupo de remadoras de va’a – uma canoa havaiana com lugar para seis pessoas e quase 14 metros de comprimento – em uma travessia do Rio de Janeiro a Cabo Frio. Com o objetivo de quebrar o recorde sul-americano, elas remaram mais de 15 horas sem parar. Para gravar a primeira parte da matéria, Mariana teve de passar quase meia hora remando em uma praia na Urca, na Zona Sul do Rio de Janeiro, sob um calor escaldante. "A grande dificuldade foi sincronizar as minhas falas com as do Ernesto em um local aberto. Acabei remando um pouco mais do que deveria, mas não reclamo", fala, aos risos, ao lembrar das diversas interrupções provocadas pelo barulho de ônibus, carros e aviões que passavam pelo local.
Enquanto Mariana remava ao lado de outras quatro pessoas em uma canoa va’a, Ernesto gravava a abertura da matéria sentado sob um muro, em um dos poucos momentos de tranquilidade que teve no programa. "Ficar embarcado é estressante. Enfrentamos várias limitações, mas do ponto de vista jornalístico isso é muito bom. Mostraremos um lado mais humano, sem o distanciamento que se espera de um jornalista", conta. Para Mariana, um dos pontos mais interessantes do programa é justamente a falta da rigidez jornalística na abordagem do tema. "A única coisa certa no mar é que sempre vai haver imprevistos. O legal no ‘Globo mar’ é que isso vira parte da reportagem", avalia.