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MINISTRO Marun defende indulto natalino e critica prisão de Puccinelli Ministro de Temer pretende resistir à política depois de deixar o cargo no Planalto e escrever livro 1 DEZ 2018 • POR RENATA VOLPE HADDAD E IZABELA JORNADA • 05h00

O ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse na sexta-feira (30) não pretender mais voltar a atuar no MDB. Ele considerou o ex-governador André Puccinelli (MDB) vítima de prisão ilegal, sem provas, e defendeu o indulto natalino para os condenados por crimes não violentos.

Marun afirmou que não pensa em voltar para a política. “Quero resistir à política, tomara que eu consiga”, declarou.

O ministro tem repetido isso desde antes das eleições. Ele não se candidatou a nenhum cargo, muito menos tentou disputar novamente como deputado federal.

Na sexta-feira, Marun afirmou que deseja voltar a advogar a partir de março. “No MDB, não pretendo assumir funções executivas mais fortes, nem em Mato Grosso do Sul  nem no Brasil”.

O ministro disse que vai tirar férias e falou sobre planos futuros. Ele é formado em Engenharia Civil e Direito. “Tenho mais de 300 artigos publicados na Folha de São Paulo, no Estadão e em outros jornais. Vou tirar 60 dias de férias e vou fazer uma coletânea para lançar um livro. Reunir uns 100 artigos nesse livro. Se eu contar o que vivi, teria que me dedicar mais do que eu posso nesse momento”.

INDULTO

Marun discursou sobre a polêmica do indulto natalino, que está sendo votado pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A maioria dos ministros votou pela manutenção do decreto de indulto editado pelo presidente Michel Temer no ano passado, mas um pedido de vista (mais tempo para análise do processo) adiou a decisão. Seis ministros votaram a favor do decreto e dois contra.

Marun se posicionou a favor do indulto natalino. “As cadeias estão superlotadas. Tem outras maneiras mais baratas de punição e que não dão direito de o preso ter o auxílio, como a tornozeleira eletrônica, a prisão domiciliar. Sou a favor do indulto para presos que não são violentos”, disse.

Marun comentou sobre a votação dos ministros. “Cada um pode agir dentro da sua prerrogativa e é prerrogativa do presidente da República determinar o indulto. Não cabe ao STF interferir, os ministros podem não gostar, mas eles não podem reescrever. O STF, em um exercício de humildade e legalidade, manteve a prerrogativa do presidente”.

Ele comentou sobre a posição do presidente eleito, Jair Bolsonaro, que disse que este ano seria o último indulto natalino. “Bolsonaro é contra, mas o STF também não vai poder obrigá-lo a fazer. Esse indulto existe desde Dom Pedro, é uma situação que permite indulto de condenados que tenham cumprido parte da pena, que não sejam violentos e tenham bom comportamento”, comentou.

Ele falou também sobre o universo dentro dos presídios brasileiros. “Entendo que as prisões são o universo do crime e batedor de carteira saem assassinos. Os presídios estão disputando os recursos com a saúde e a educação. Quando foi feito indulto no ano passado, somente dois presos poderiam ser beneficiados, e esses dois continuam na lista. Não vi o José Carlos Bumlai [condenado pela Operação Lava Jato] na lista, o presidente pode editar essa lista”.

Sobre a Operação Lava Jato, Marun disse ver com arrogância o movimento. “Vejo uma arrogância nesse movimento Lava Jato, acham que são o centro do mundo. Deixar mais de um ano, gente fazendo pós em presídio”.

Ele falou ainda sobre a prisão de André Puccinelli (MDB), que está há 133 dias no centro de Triagem de Campo Grande, preso com o filho, o advogado André Puccinelli Júnior, em razão dos desdobramentos da Operação Lama Asfáltica. “Puccinelli é vítima de prisão preventiva ilegal, sem provas. Ele tem motivos para sair, já deveria ter saído, estamos em tempos estranhos”.