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DIA DA MULHER Sidrolândia é a 1ª de MS em presença feminina na indústria Cidade tem mais de 1.500 mulheres atuando em fábricas 8 MAR 2019 • POR ROSANA SIQUEIRA • 07h00

A mão de obra feminina é forte na economia do Estado, principalmente no segmento industrial. Uma prova disso é a presença da mulher nas indústrias de Sidrolândia. O município está entre as 10 cidades com maior contingente de trabalhadores formais na indústria, ocupando o 8º lugar do ranking, com 3.246 industriários, mas é o 1º em volume de mulheres nas fábricas. São 1.531 funcionárias, ou 47% deste total. Entre os segmentos, 75% delas, ou 1.151, estão no abate de aves, 13%, ou 203, na confecção e vestuário e 4%, ou 61, no abate de bovinos. O levantamento é do Radar Industrial da Fiems.

Segundo o coordenador da Unidade de Economia, Estudos e Pesquisas da Fiems, Ezequiel Resende, Sidrolândia é o 1º entre os municípios com o maior número de trabalhadores formais na indústria que tem a maior participação feminina. “Na cidade, dos 3.246 trabalhadores do setor, 1.531 são mulheres, ou 47% do total, que é o maior porcentual dos 10 municípios que mais empregam no setor”, revelou.

Para a secretária municipal de Desenvolvimento Econômico de Sidrolândia, Elaine Além Brito Botton, a indústria representa atualmente 30% da empregabilidade da população do município, que foi a que mais cresceu em MS nos últimos anos. “Sabemos que muitas mulheres são arrimo de família e essa oportunidade que a indústria dá para essas mulheres é fundamental”, ressaltou.

Elaine Botton reforça que esse porcentual mostra como a mulher é importante para o desenvolvimento econômico da cidade, ocupando cargos que, muitas vezes, são destinados a homens. “A prefeitura valoriza essas mulheres e constantemente realizamos ações de cuidado com a saúde e de combate à violência doméstica porque ainda sabemos das desigualdades, mas acredito que aos poucos a mulher vem conquistando seu espaço no mercado de trabalho”, afirmou. 

Frigorífico

Grávida de seis meses, Patrícia Frutuoso Borges, 29 anos, é uma dessas trabalhadoras. Ela atua como auxiliar de produção em um frigorífico de bovinos. Seu trabalho é basicamente destacar a língua e as glândulas dos bovinos recém-abatidos. Ela é uma das 78 mulheres de um total de 280 funcionários que trabalham na planta. Quando começou, atuava no controle de qualidade industrial, mas hoje é faqueira. “Acho a coisa mais linda uma mulher faqueira, porque é muito difícil ver uma mulher trabalhando dentro da sala de corte. Quando eu vejo uma fazendo a culatra, que é o reto do boi e costuma ser um trabalho muito pesado, meu olho brilha, porque é uma atividade predominantemente masculina”, destacou.  

Mas a caminhada não é fácil. Dentro da própria unidade, ela já se sentiu pressionada por ser mulher. “Tinha um líder extremamente machista que vivia dizendo que eu não daria conta, que a atividade dentro do frigorífico não era para mulher. Teve uma vez que eu até chorei, mas outros colegas me deram força, me ensinaram e muitos dizem que preferem trabalhar com mulher, porque elas costumam ser mais cuidadosas na hora de carnear”, completou.

Independência

Hélida Menezes da Silva, 31 anos, demorou para descobrir seu espaço no mercado de trabalho. “Eu fui criada para ser dona de casa. Era da mãe e do pai, no meu caso padrasto, para o marido. Nunca fui incentivada a estudar, trabalhar e cuidar da minha vida”, revelou.

Depois de casada, um curso de costureiro industrial do Senai ajudou a concretizar o sonho. A oportunidade de trabalhar na Tip Top apareceu só há quatro anos.

Hoje, Hélida e mais 159 mulheres integram a equipe da fábrica, que conta com 180 funcionários. Trabalhar na empresa fez com que ela amadurecesse muito e crescesse pessoal e profissionalmente. Quando começou na indústria como costureira, apreensão e insegurança eram os sentimentos que descreviam Hélida.

“Tinha feito um curso havia muito tempo e nunca tinha me exercitado. A prática que tive foi apenas dentro do Senai mesmo e, de repente, começar a trabalhar como costureira foi difícil, mas aos poucos fui pegando o jeito e hoje chego a costurar 400 peças por dia, dependendo do modelo”, ressaltou.