Na segunda manifestação do mês, estudantes, professores e servidores públicos foram às ruas de Campo Grande para protestar contra o contingenciamento de verbas públicas para universidades federais. Os atos aconteceram em várias cidades do país, na tarde de hoje (30) e, na Capital, cerca de 500 pessoas, conforme a organização, se reuniram na praça Ary Coelho.
De acordo com o estudante Victor Prado, de 19 anos, um dos organizadores do ato, o encontro é a favor da educação pública e também básica. Desde as 15h, a população começou a se concentrar. “[A manifestação] é em defesa da UFMS [Universidade Federal de Mato Grosso do Sul], da IFMS [Instituto Federal de MS], pela educação básica; é pela defesa generalizada por todos os afetados com os cortes”, disse.
Com cartaz em mãos, uma servidora da segurança pública de 40 anos, que preferiu não ser identificada, se disse insatisfeita com a reforma da previdência e com o contingenciamento. “Esse ato é do verdadeiro povo, que é o que precisa da educação e que vai verdadeiramente se ferrar com a reforma”, expressou.
Segundo o Ministério da Educação (MEC), o bloqueio de recursos se deve a restrições orçamentárias impostas a toda a administração pública federal em função da atual crise financeira e da baixa arrecadação dos cofres públicos.
O bloqueio de 30% dos recursos, inicialmente anunciado pelo MEC, diz respeito às despesas discricionárias das universidades federais, ou seja, aquelas não obrigatórias. Se considerado o orçamento total dessas instituições, R$ 49,6 bilhões, o percentual bloqueado é de 3,4%.
Para o professor Henrique Marques, é importante pensar nas próximas gerações que não terão acesso ao estudo universitário. “Nós já temos a bolsa; ela está garantida. Mas e os outros que ainda não tem, que ainda vão vir?”, questionou ele. “O ato é para mostrar que nós não estamos engolindo o governo”, finalizou.
O MEC afirma também que dos R$ 49,6 bilhões previstos para as universidades federais 85,34%, ou R$ 42,3 bilhões, são despesas obrigatórias com pessoal, como pagamento de salários para professores e demais servidores, bem como benefícios para inativos e pensionistas, e não podem ser contingenciadas.
De acordo com o ministério, 13,83%, ou R$ 6,9 bilhões, são despesas discricionárias e 0,83%, ou R$ 0,4 bilhão, diz respeito aquelas despesas para cumprimento de emendas parlamentares impositivas, já contingenciadas anteriormente pelo governo federal.
Conforme contou Victor ao Correio do Estado, durante conversa com o reitor da UFMS, Marcelo Turine, foi revelado ao organizador que a unidade “está com prazo de validade”. “Ele disse que a universidade tem dinheiro até setembro para manter as portas abertas”, declarou.
Por volta de 17h, os manifestantes saíram da praça e tomaram a Avenida Afonso Pena em uma passeata. A Guarda Municipal, que fazia a segurança, disse que a estimativa por volta de 16h30 era de 120 pessoas. A organização esperava cerca de 700 manifestante para o ato.