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ARTIGO Manoel Martins de Almeida: "O grande circo Taquari" Manoel Martins de Almeida: "O grande circo Taquari" 1 JUL 2019 • POR • 02h00


Já faz algum tempo desde que um grande espetáculo foi montado, cercado de grande pompa e circunstância pelo maior de todos os ícones da nossa arte circense, o mais premiado e badalado produtor de shows, jamais visto por estas plagas, um certo “Spielberg da política sul-mato-grossense”.

Há tempos não se ouvia a velha charanga e os megafones anunciando novas turnês. 

Senhoras e senhores, novamente em Mato Grosso do Sul o maior espetáculo da Terra. Acrobatas, trapezistas engolidores de espadas, mulheres barbadas, ilusionistas famosos, cartomantes renomadas, enfim, tudo aquilo que se espera de uma esmerada produção nesse maravilhoso mundo da fantasia e das artes. Cecil B. de Mille não faria melhor em sua premiada versão de “O maior espetáculo da Terra”.

Como qualquer companhia do show biss que se preze, terá como ponto alto de sua programação a apresentação do drama, de autoria desconhecida e baseado em fatos reais, cujo título “Morte e Vida Taquarizana”, diferentemente da outra famosa obra da dramaturgia brasileira, é adaptado, dirigido e estrelado por pessoas reais do nosso conceituado elenco de atores públicos. 

A narrativa, como sempre à semelhança da velha estorinha de Esopo, tem como propósito desacreditar as personagens vítimas para satisfazer aos propósitos dos espertos vilões. Como disse o lobo ao cordeiro: “você já está ferrado mesmo, então que se dane, vou cuidar do meu interesse, depois ainda lhe como”.

Muito bem recebida pela crítica especializada, ficará em cartaz até que se esgotem os recursos da produção. O público poderá assistir a mais essa genial criação da intelectualidade política do estado. 

Em tempo, a produção informa: gargarejo só para os coniventes com o roteiro adaptado. Estes terão acesso aos camarins após o espetáculo, com direito a canapés e champanhe. Os figurantes não receberão cachê, apenas os que farão os crocodilos.

Não serão contratados dublês, pois não há cenas de alto risco. Só estarão nos créditos os atores mais destacados. Incrédulos serão barrados na portaria. Crédulos pagarão meio bilhete e idiotas não pagam ingresso.

Que rufem os tambores!!! O espetáculo vai começar!!! Respeitável público...