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EDUCAÇÃO Na Capital, professores que auxiliam alunos especiais são substituídos Educadores foram destituídos por telefone e sem aviso prévio 16 JUL 2019 • POR ALÍRIA ARISTIDES • 17h34

Responsáveis por alunos com dificuldades de aprendizado estão apreensivos com a decisão da Prefeitura de Campo Grande de adiar as aulas na Rede Municipal de Ensino para substituição de auxiliares de educacional especializado, os ‘APE’s. Na Capital, estima-se que a medida possa afetar o acompanhamento de 2.500 crianças, com diferentes graus de deficiência intelectual, que precisam de suporte pedagógico nas atividades escolares.

Em manifestação realizada na tarde de hoje (16), um grupo de cerca de 50 pessoas se reuniu na frente do Ministério Público Estadual para protestar contra decisão. Os manifestantes cobram a valorização do professor de apoio, responsável pela adaptação do material escolar à condição do aluno, e reforçam a necessidade de suporte para o desenvolvimento escolar de crianças com deficiência.

Segundo pais e docentes afetados, os professores dispensados passaram por processo seletivo no começo de 2019 e tinham prazo de contrato de um ano, podendo se estender em até dois anos. Com formação acadêmica e especialização na área, os profissionais afastados recebiam R$3,2 mil e tinham carga horária de 20 horas semanais. Serão contratados estagiários com ensino médio completo ou curso superior na área em andamento, que receberão R$1,9 mil e terão carga horária de 40  horas semanais.  

De acordo com as mães, o processo de adaptação ao professor é longo e sofrido para uma criança especial e mudanças bruscas podem trazer prejuízos educacionais e emocionais. 

Presente na manifestação, Helenice Furtado, 41 anos, é mãe de um aluno de 9 anos diagnosticado com autismo e reforça a necessidade do vínculo entre criança e professor: “É preciso conhecer a criança com quem se está trabalhando, identificar os fatores que a prejudicam ou que tragam melhor desenvolvimento. Não é simplesmente a troca de profissional, ele precisa estabelecer o vínculo”, afirmou.

Acompanhando cinco alunos especiais numa sala de aula, Monica Anguite, 51 anos, é professora há 31 anos e atua há três auxiliando crianças com dificuldades de aprendizado. A professora se diz indignada e afirma que foi pega de surpresa durante as férias escolares. “Para nossa surpresa, ontem recebemos a ligação das diretoras dizendo que fomos desligadas. Seremos trocadas por pessoas que tem apenas o nível médio ou que estão começando pedagogia”, relata. Monica reforça que as novas contratações, sem fase de adaptação, podem levar à regressão no aprendizado. 

Em nota, a Secretaria Municipal de Educação (Semed) informou que não possui o número de profissionais que serão desligados, e afirma que “os alunos não ficarão sem assistência, pois continuarão recebendo atendimento especializado, o qual se dará por meio de profissionais devidamente acompanhados e capacitados pela equipe técnica da Divisão de Educação Especial da Reme, que também irá oferecer a estes profissionais, selecionados em processo seletivo, cursos, formações continuadas, além de recursos pedagógicos de acordo com a especificidade de cada aluno”.

O texto diz ainda que as crianças com comprometimento severo continuarão sendo atendidas pelos APEs.