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CAMPO GRANDE "Para honrar a memória", começa julgamento de acusado de matar casal em acidente Saulo Lucas Barbosa Vieira está preso desde o fatídico acontecimento 2 AGO 2019 • POR RAFAEL RIBEIRO E BRUNA AQUINO • 09h28

“Chegou o dia de honrar a memória dos meus pais.”

Assim, de maneira direta e chorando bastante, a gerente de recursos humanos Flávia Souza da Cruz, 37 anos, falou antes do julgamento de Saulo Lucas Barbosa Vieira, 28, nesta sexta-feira (2), no Fórum de Campo Grande, na região central.

Vieira é acusado de matar o casal Luiz Vicente da Cruz, 69 anos, e a esposa Aparecida Souza da Cruz, 59, em acidente de trânsito ocorrido no dia 15 de junho do ano passado, no centro da Capital. Ele responde por homicídio doloso qualificado por motivo fútil, meio cruel e recurso que dificultou a defesa das vítimas.

O júri chegou a ser marcado para o dia 7 de dezembro de 2018, mas foi adiado devido ao fato da defesa ter entrado com recurso pedindo a retirada das qualificadoras e desclassificação do crime doloso contra a vida para culposo, o que foi negado. Julgamento é realizado na 2ª Vara do Tribunal do Júri.

Conforme consta na denúncia, no dia do acidente, por volta das 5h, Saulo, que estava embriagado, conduzia um Fiat Uno na contramão da rua Cândido Mariano e colidiu no Corsa onde estavam as vítimas. Com o impacto, ambos os veículos capotaram e o casal morreu no local.

Denúncia descreveu que houve o dolo eventual, pois o acusado assumiu o risco de resultar na morte no momento em que conduziu seu veículo sob influência de álcool, com excesso de velocidade e na contramão da direção.

Saulo responde o processo preso. 

Flávia Souza da Cruz: chegou o dia de honrar a memória de seus pais (Valdenir Rezende/Correio do Estado)

“Foi um ano muito difícil e chegou o dia de honrar a memória dos meus pais. Quando fiquei sabendo pelo delegado sobre a morte deles, meu mundo veio abaixo”, relembrou Flávia, filha mais nova do casal vitimado. “Meus pais eram tudo pra mim. Esperamos, nós da família que ele seja condenado por todas as qualificadoras e pegue a pena máxima porque não foi um acidente foi um crime.”

“ Minha mãe trabalhava em nove casas passando roupa e meu pai era pedreiro, fazia bico. Minha mãe era uma guerreira, otimista de bem com a vida, mesmo quando as coisas estavam difíceis ela tinha força. Meu pai era extremamente gentil, doce, acolhedor, amoroso. O amor deles criou braços e abraçou todos a nossa volta”, disse Fernanda de Souza Cruz , 39, filha mais velha do casal e que veio de Dourados, onde mora, para acompanhar o júri.

Em sua primeira fala no tribunal, Vieira deu a sua justificativa para o ocorrido. “Eu retornei embora, virei na curva, não tinha sinalização e estava na contramão. Na hora eu me embananei, eu tentei desviar, mas não consegui”, disse.

O advogado do acusado, Caio Magno Duncan Couto, disse quea estratégia será focar no problema da sinalização para aliviar o indiciamento.

“ Ele alega que não conhecia a avenida Marechal e não tinha sinalização, quando bateu ele tentou frear mas acabou batendo na traseira do carro das vítimas. A morte ocorreu pelo capotamento e não pela colisão”, apontou.

Familiares de Vieira não quiseram falar com a reportagem.