Os grandes problemas intimidam as pessoas que tem a missão de resolvê-los, mas é preciso começar por algum lugar para ter êxito. Assim é com a saúde pública.
Em uma de suas letras que ficarão para sempre no cancioneiro brasileiro, o cantor e compositor Herbert Viana, do Paralamas do Sucesso, entoa: “vamos consertar o mundo, vamos começar lavando os pratos”. Assim começa a música “Vamos Viver”, da banda carioca, que surgiu em 1982. Viana é brilhante em sua colocação. De fato, sempre que temos um problema grande a ser resolvido, precisamos começar por algum lugar. E quando temos algo desafiador a ser solucionado, por mais que o tamanho do desafio nos intimide, o ação para vencê-lo, é um ato de coragem.
Em Campo Grande, certamente o problema da década foi a saúde pública. Antes de falar da saúde, porém, é importante lembrar que a capital de Mato Grosso do Sul sempre foi muito bem sucedida em outros setores, como educação e planejamento urbano, por exemplo. Ainda que a cidade tenha enfrentado dificuldades para investir nestas áreas, o trabalho de excelência que foi feito nelas ao longo das últimas décadas permitiu que a cidade continuasse com bons índices e elogios pelo desempenho nestas áreas.
Sobre a saúde em Campo Grande, a situação já é diferente. E nela, não há culpados, e sim, uma situação muito complexa a ser resolvida. A cidade tem um gargalo muito grande, apesar da boa estrutura existente. Com a demanda muito maior que a oferta de serviços, hoje quase todos os setores da saúde pública do município são sinônimos de filas: existem filas para atendimentos de urgência e emergência nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e nos postos que atendem nas 24 horas do dia, há filas intermináveis para cirurgias eletivas (aquelas não muito urgentes, mas necessárias) e, para não ser diferente, demora para se receber exames e para conseguir uma consulta agendada. Importante lembrar, que não são poucos os dias em que faltam leitos de unidade de terapia intensiva.
Como podemos perceber, o problema da saúde pública em Campo Grande é algo muito difícil de ser resolvido. Mas todos têm de concordar que algo há de ser feito. E a administração municipal atentou-se para esta necessidade. Nesta edição, por exemplo, informamos que o município planeja transformar o desativado hospital das Moreninhas em um centro de referência para cirurgias eletivas. É um passo importante dado pelas autoridades, pois a única forma de reduzir a fila com milhares de paciente é, fazendo cirurgias.
A prefeitura de Campo Grande age corretamente, e esperamos que as autoridades municipais motivem ainda mais seus servidores. Para aumentar a satisfação do sistema de saúde pública, são necessários atendimentos, dos mais simples aos mais complexos: é isso que a população quer.