Três áreas, sendo uma de propriedade da Prefeitura de Campo Grande e duas de empreendimentos privados - Taurus e Brasil Empreendimentos - estão sendo alvo de uma invasão, às margens da BR-262, em Campo Grande. A invasão estaria sendo incentivada por uma pastora e de um policial militar da reserva, que seriam ligados à uma organização não governamental (ONG).
As áreas, de aproximadamente 40 hectares, já estão sendo demarcados e alguns barracos já foram erguidos. Cerca de oito famílias, de um grupo de 20, já estão com as habitações prontas. O mato do local foi queimado e existem pequenas áreas abertas para a construção das moradias. Um pedreiro, de 53 anos, que pediu para não ser identificado, é uma das pessoas que está com a família na área invadida, há cerca de um mês. Ele e a mulher, de 54 anos, vivem com duas filhas em um cômodo único, construído com pedaços de madeira, lona e um colchão.
Ao Correio do Estado, ele disse que há anos brigam na justiça por aquelas terras e que seriam auxiliados pela pastora, que eles afirmam não saber o nome e nem de qual igreja seria.
“O poder público não ajuda a gente. Há dois anos que a gente luta na justiça e ela [a mulher] é que vê essas coisas para a gente”, contou. Além disso, ela também fornece alguns alimentos para ajudar no sustento. “Ela ajuda uma ONG também; passa nos mercados e arruma a comida. Aí o que sobra, depois que ela dá para a ONG, trás para nós. Sempre sobra tomate, batata e outras coisas”, disse ele à nossa reportagem.
Os moradores estão transformando a área do zero. Os terrenos ficam na BR-262, exatamente ao lado do Terminal Intermodal de Cargas, conhecido como Porto Seco, e próximo do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira de Regime Semiaberto. Lá, os moradores já demarcaram os terrenos que serão ocupados e estariam montando os barracos, mas não de fato se mudando para lá, porque não energia elétrica e nem água disponível. De acordo com o apurado, a invasão está sendo gradativa e ainda conta a ajuda de um policial aposentado.
A maioria vem da área invadida da empresa Homex, como o morador citado, que teve a casa derrubada três vezes em desapropriações. Advogados das empresas proprietárias das áreas, Taurus, distribuidora de combustível, e Brasil Empreendimentos - a última faz parte do grupo Haddad empreendimentos - estão se mobilizando para entrar com liminar com objetivo de retirar as famílias do local, já que eles informaram que só vão sair mediante ordem judicial.
Conforme apurado pelo Correio do Estado, uma das empresas citadas enviou maquinário e mão de obra para fazer a limpeza da área, pois recebeu uma notificação do Executivo Municipal para tal ação. Mas, chegando lá para o serviços, os trabalhadores foram impedidos de fazer a limpeza pelos invasores. A justiça e os advogados responsáveis ainda tentam descobrir quem seriam as duas pessoas que estariam auxiliando na invasão.