Depois de começar a usar os dólares das reservas internacionais para intervir no câmbio, o Banco Central (BC) anunciou ontem (23) à noite que ampliará a estratégia. Ao longo de setembro, a autoridade monetária vai trocar US$ 11,6 bilhões de contratos de swap (venda de dólares no mercado futuro) em circulação no mercado por recursos das reservas externas.
Desde quarta-feira (21), o BC está vendendo até US$ 550 milhões por dia das reservas internacionais para segurar o câmbio. As operações são feitas de forma conjugada com swaps cambiais reversos (compra de dólares no mercado futuro) no mesmo valor, para manter a posição cambial (confronto entre os contratos cambiais e os dólares comprados e vendidos) da autoridade monetária.
Até o início desta semana, o Brasil possuía US$ 388 bilhões em reservas internacionais, que funcionam como um seguro para o país em momentos de choques externos. O BC usava exclusivamente os contratos de swap cambial para atuar no mercado futuro e segurar o dólar em momentos de volatilidade. Esse tipo de operação não altera as reservas internacionais, mas pressiona os juros da dívida pública, aumentando o endividamento do governo.
A autoridade monetária, no entanto, começou a mudar a estratégia. Entre os dias 21 e 29 deste mês, o BC venderá até US$ 3,845 bilhões das reservas. Com os US$ 11,6 bilhões a serem vendidos, as reservas serão reduzidas para US$ 372,56 bilhões até o fim de setembro. A venda direta de moeda norte-americana reduz o seguro externo contra crises, mas diminui os juros da dívida pública num momento de dificuldades fiscais.
Nesta sexta-feira, o dólar fechou em R$ 4,124, na maior cotação em quase um ano, em meio ao acirramento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China.