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MUDANÇAS Serviço de táxi do aeroporto vira "feira livre" de transporte urbano Após perderem espaço no local, taxistas são "despejados" para um ponto da Duque de Caxias 3 SET 2019 • POR IZABELA JORNADA • 09h30

Desde domingo (1º), passageiros que desembarcam no Aeroporto Internacional de Campo Grande têm de lidar com o excesso de ofertas de prestação de serviços de transporte. Por conta disso, o local transformou-se numa “feira livre”.
A empresa Rodar Serviços de Táxi e Transportes Personalizados ganhou licitação e passou a disputar com os taxistas e motoristas de aplicativos. Logo que o cliente desembarca, é “atacado” por chuva de ofertas para escolher a maneira como pretende sair do aeroporto. “Assim já acontece em outras cidades. Eu venho de Cuiabá (MT) e lá é assim também. Quando descemos do avião, vêm duas ou três pessoas nos oferecer transporte”, disse a aposentada Vilma Blanco, 62 anos, que preferiu pedir um carro pelo aplicativo em seu celular.

Outra passageira, Jucleide Blanco, 58, que é irmã de Vilma, declarou que, das três modalidades de transporte, ela ainda prefere o tradicional táxi. Mas os táxis que perderam a concorrência foram “despejados” para um ponto na Avenida Duque de Caxias. “Muito mais seguro e o valor está mais acessível que antes, principalmente de madrugada”, explicou, ao declarar que foi buscar o esposo às 2h do domingo (1º) e foi até o ponto de táxi.

SERVIÇOS

Para solicitar o transporte, o passageiro deve buscar o balcão da empresa, fazer um cadastro e informar o endereço de destino. Depois disso, um veículo estará à espera na saída do aeroporto. Os passageiros continuam a contar ainda com duas linhas de ônibus, que ligam o terminal ao centro da cidade, além dos serviços de transporte por aplicativo. 
Táxis terão uma vaga fixa no terminal e demais operações serão realocadas, também nas imediações do desembarque. 
A empresa licitada tem, aproximadamente, 120 motoristas cadastrados em seu aplicativo interno, os quais estão disponíveis para a demanda. 

De acordo com o dono da Rodar, Flávio Moraes, 40, a empresa está dando prioridade para motoristas que tenham automóveis com até cinco anos de uso. “Mas, na nossa frota, temos carros de seis a oito anos, porém, 99% têm menos de cinco anos”, declarou.

O valor da corrida já é informado para o passageiro no momento em que ele chega ao guichê da Rodar. São três atendentes que ficam na calçada de embarque e desembarque, com computadores, e que são responsáveis pelo credenciamento do passageiro. “Essa foi a única obrigatoriedade da Agetran [agência de trânsito], de que fizéssemos o registro do passageiro”, afirmou.

 Por se tratar de aplicativo interno da empresa, os motoristas cadastrados na Rodar não possuem vínculo empregatício e podem fazer viagens por meio dos demais aplicativos também. 

LICITAÇÃO

A chegada da nova modalidade é resultado de um processo de licitação que escolheu a empresa para oferecer transporte de passageiros nas modalidades de táxi ou transporte privado individual para o aeroporto.  

O processo foi divulgado em maio e a abertura da disputa pelos interessados ocorreu em junho, em modalidade eletrônica, realizada pelo Banco do Brasil.  

Outra obrigatoriedade da Infraero é de que os valores repassados pela empresa licitada sejam o mesmo que era recebido dos taxistas, R$ 6.700,00. Os serviços da Rodar serão oferecidos por cinco anos, após o fim do contrato, nova licitação será aberta. Antes de a empresa ganhar licitação para nova modalidade de serviço de transporte individual de passageiros, os 44 taxistas cadastrados na Infraero tinham direito a estacionamento dentro do aeroporto. Agora, a empresa Rodar usa o espaço que cabe 40 carros estacionados.

RECLAMAÇÃO

Taxistas estão reclamando que não foram informados como queriam ter sido sobre a nova modalidade de transporte. “Alguém tinha interesse de nos tirar de lá [aeroporto] e a própria Infraero fez uma proposta inegociável, eles queriam repasse de R$ 20 mil nosso”, afirmou Juscelino Rodrigues. Ele continuou dizendo que outras duas propostas foram apresentadas pela Infraero, as quais também não foram aceitas pelos taxistas.