A terça-feira foi tensa no Cruzeiro. Em má fase, o time enfrentou o terceiro protesto seguido de torcedores insatisfeitos com a situação da equipe no Campeonato Brasileiro. Para amenizar a situação, dirigentes se manifestaram para respaldar o trabalho do técnico Rogério Ceni, apoiar o elenco e garantir que parte dos salários será quitada nos próximos dias.
O dia começou com um protesto de cerca de 50 torcedores de diferentes organizadas na frente do principal portão de acesso à Toca da Raposa, o CT do Cruzeiro. Com xingamentos, críticas e ofensas, reclamaram do momento atual do time, apenas uma posição acima da zona do rebaixamento na tabela do Brasileirão.
Alguns torcedores tentaram abordar os jogadores que chegaram em seus carros para o treinamento do dia. Outros, mais irritados, tentaram invadir o CT. Porém, foram contidos por policiais, que acompanharam o protesto, sem maiores intercorrências. Individualmente, os maiores alvos dos torcedores foram os meias Thiago Neves e Robinho, o lateral Edilson e o volante Henrique.
Poucas horas após o protesto, a diretoria do Cruzeiro se manifestou através de entrevista coletiva concedida pelo diretor de futebol, Marcelo Djian. Diante dos jornalistas, ele reiterou o apoio do clube a Rogério Ceni e admitiu que os salários ainda estão atrasados. Somente nos próximos dias será quitado o de julho - o de agosto seguirá sem prazo certo para ser pago.
"Os jogadores estão bem conscientes a esse atraso, inclusive essa semana estaremos quitando o restante do mês de julho. E estamos trabalhando para que, na próxima semana, a gente consiga quitar o mês de agosto. Jogadores sabem que o Cruzeiro sempre honrou com os salários. Eles não ficam preocupados quando ocorre um pequeno atrasado. Não é normal, mas posso te dizer que não é isso que está influenciando nos jogos", declarou o dirigente.
Djian negou que Ceni tenha afastado jogadores do elenco, mas admitiu que alguns vão fazer trabalho extra de recondicionamento físico nos próximos dias. Ele não citou nomes. "Ele não me passou o nome dos jogadores, mas disse que alguns estarão treinando normalmente no grupo. Aqueles que ele achar e o departamento físico e fisiológico decidirem que tem que ter um complemento, serão feitos complementos após treinamentos."
O diretor de futebol também disse ter conversado com Thiago Neves, um dos principais alvos da torcida nos últimos dias em razão das críticas feitas ao treinador após a queda do Cruzeiro na semifinal da Copa do Brasil, na semana passada.
"Conversei com ele em particular. O Thiago é um dos nossos melhores jogadores, deu uma entrevista de cabeça quente. Acontece no calor da partida e, às vezes, vem a decepção de quem poderia estar na terceira final consecutiva de Copa do Brasil. Está encerrado, solucionado, contamos com o Thiago Neves", garantiu Djian.
PALAVRA DO PRESIDENTE - O dirigente se tornou porta-voz do time nos últimos dias, principalmente após a dura derrota sofrida para o Grêmio por 4 a 1, em Belo Horizonte, no fim de semana. Esperava-se que o presidente Wagner Pires de Sá fosse participar da entrevista coletiva desta terça, mas ele preferiu se manifestar apenas por meio de vídeo publicado no site do Cruzeiro.
Pires de Sá defende Rogério Ceni, mas dedica a maior parte dos quase quatro minutos do vídeo em criticar conselheiros e adversários políticos dentro do clube, sem citar nomes. "Desde o princípio, desde a nossa campanha para a eleição, e que conseguimos através de nossos conselheiros, nós viemos sofrendo um ataque constante, tentando denegrir a nossa gestão, através de denúncias apócrifas, levar o nome do Cruzeiro com a difamação, atrapalhando todo a nossa administração", afirmou o presidente, que disse também estar fazendo grande esforço para reduzir os gastos e "sanear" o clube.