Lenilde Ramos, 67 anos, não esconde a surpresa de adotar a partir deste mês a alcunha de imortal pela Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (ASL/MS). “Realmente é um marco, que define uma etapa mais madura do meu trabalho desde que eu comecei a vida profissional”, afirma a escritora, musicista, jornalista, entre outras atribuições profissionais, todas relacionadas à arte.
Autora de diversos livros, entre eles, “História sem Nome – Lembranças de uma Menina Quase Gêmea”, “Storia senza Nome” (edição italiana), “Imagens e Palavras” e “Do Baú da Tia Lê – Crônicas”, Lenilde afirma que, durante muito tempo, viu sua carreira sedimentada na música. “Sempre tive uma militância na produção cultural, em todas as áreas, mas focando meu trabalho mais na música; porém, a partir de um momento, a literatura começou a fazer parte, sempre nos bastidores. Primeiro com a formação jornalística, depois na redação, no roteiro, na produção de textos para instituições, biografias. Nesse caminho, fui amadurecendo”, acredita.
EDITAL
Para ser declarada imortal e ocupar a cadeira nº 31 da ASL/MS, que antes era do escritor, historiador e professor Hildebrando Campestrini, falecido em novembro de 2016, Lenilde passou por um edital. “Eu nunca pensei em participar de um edital para me tornar imortal da Academia de Letras, mas, quando comecei a reunir os meus trabalhados, vi que tinha um certo volume. Então, eu resolvi me inscrever, acreditando que não daria em nada. Apresentei todos os trabalhos que eu já tinha feito e eles foram julgados por uma comissão”, explica.
O resultado saiu no mês de abril, entretanto, em decorrência de compromissos profissionais, a escritora preferiu realizar a posse no dia 9 de setembro. “Acredito que eles me deram um voto de confiança. É uma grande responsabilidade e eu espero dar o retorno, porque eu também tenho a pretensão de daqui para frente continuar escrevendo até mais do que tocando ou cantando. Eu vejo a literatura como um compromisso real”, acredita.
CAMPO-GRANDENSE
Lenilde Ramos é uma campo-grandense “da gema”, brinca, “nascida na Santa Casa”.
No currículo literário, sempre valorizou as histórias da terra. “Publiquei um livro que teve três edições no Brasil e uma na Itália. Depois, fiz biografias, do Paulo Coelho Machado e Jonir Figueiredo, entre outros trabalhos”, explica.
Para o futuro, Lenilde frisa que deseja ser reconhecida como uma “escritora do século 21”.
Com dois livros saindo do forno em breve, Lenilde fez uso das mídias sociais para fomentar a criatividade. “‘Do Baú da Tia Lê’ foi escrito totalmente na internet, nas mídias eletrônicas. Quase diariamente eu publiquei diversos textos no Facebook; agora, eu os reuni, mais de 100, e vou publicá-los. O outro livro é um de poemas, imagens e palavras. Também foi escrito na Internet”, conta.
O último deve ser publicado em e-book. “Quero ter essa ligação com os meus leitores, pelos meios que eles estão acostumados. O livro físico é como um dinossauro hoje em dia. Claro que existe aquele público leitor tradicional, mas também há uma gama grande de pessoas que gostam do e-book”, salienta.
As histórias também são pequenas, podem ser lidas em apenas uma página. “Para o escritor, é um ótimo exercício contar uma história em 20 linhas, com começo, meio e fim”, diz.
Para Lenilde, as histórias pequenas também dialogam com quem não tem muito o costume da leitura. “Muitas pessoas têm preguiça de ler”, acredita.
História
A história de Lenilde com a arte é longa. “Desde que eu nasci estou envolvida com a arte. Com 12 anos me entrevistaram pela primeira vez, por causa de um jornalzinho que eu produzia na escola. No colégio, eu fiz teatro, comecei a fazer cursos de cinema; com 15 anos, eu comecei a compor e, aos 17, ganhei meu primeiro festival”, resume.
Depois de mais de cinco décadas desde o primeiro jornalzinho, Lenilde decidiu se dedicar àquilo que nunca a deixou completamente: as palavras.