A “fórmula do sucesso” é uma busca constante na televisão ou em qualquer outra área. Há cinco anos, a Band, uma emissora com tradição na área política e no esporte, reencontrou um “filão” lucrativo ao investir na gastronomia. Refém do sucesso do “Masterchef”, o canal explorou o “talent show” exaustivamente. Mas, com os primeiros sinais de desgaste do formato, a Band encontrou maneiras alternativas de investir na temática da culinária, aproveitando a repercussão da competição comandada por Ana Paula Padrão. Não à toa, após dois anos, a emissora volta a exibir uma nova temporada do “Pesadelo na Cozinha”, produção apresentada pelo “chef” e jurado Erick Jacquin.

Diferentemente da competição de gastronomia, “Pesadelo na Cozinha” mostra Jacquin na difícil tarefa de ajudar a salvar restaurantes à beira da falência. Uma proposta semelhante à do programa “O Sócio”, do History Channel, mas aqui o “chef” não entra com capital, apenas com o “know-how”. O jurado encontra as falhas e as possíveis soluções para que os empreendimentos voltem a dar lucro. Cardápio ultrapassado, fregueses insatisfeitos e falta de profissionalismo são alguns dos percalços encontrados por Jacquin. Um dos principais jurados do “reality show”, o apresentador é o grande chamariz do programa. O francês de sotaque carregado construiu sua carreira dentro da cozinha de refinados restaurantes. Porém, desde sua estreia no “Masterchef”, Jacquin, que alterna uma personalidade entre a doçura e a rigidez, tem descoberto um potencial carismático para a televisão.

Sem a adrenalina da competição, o programa se escora no nervosismo e estresse dos donos de restaurantes. A produção cresce e chama a atenção durante os embates acalorados dos empresários com a equipe ou até mesmo com o próprio Jacquin. No lugar de belas receitas e empratamentos perfeitos, “Pesadelo na Cozinha” choca e abusa de imagens de caos e cozinhas totalmente fora do padrão de higiene.

Buscando manter o público fã do “Masterchef”, o canal aproveita a produção de Jacquin para esquentar o lugar do “reality show”, que volta ao ar em outubro, na grade de programação. Apesar de contar com bons personagens e boas histórias, “Pesadelo na Cozinha” não consegue se esquivar da sensação “déjà vu” ou de extensão do “Masterchef”. O programa cumpre o papel de guardar o lugar para a principal produção da emissora, mas deixa a grade monotemática e sem grandes novidades.