A forma como pensamos e lidamos com a dor e a doença é importantíssima e define em muitos casos qual a gravidade dos sintomas e o quanto esses processos podem atrapalhar nossa vida pessoal e desempenho no trabalho. Na prática diária em consultório, fica claro que pacientes com atitudes positivas costumam ter sintomas mais amenos do que pacientes com atitudes negativas em relação à patologia, ou mesmo em relação à vida.
É fato que aprender a lidar com situações de dor e de diagnósticos complexos não é diferente de lidar com situações difíceis no trabalho ou na vida pessoal. Os mecanismos mentais que temos que desenvolver são os mesmos, olhando para o problema como um desafio a ser vencido, e não uma barreira intransponível.
Apesar de enxergarmos essas situações de nossas vidas como se fossem muito diferentes, nosso sistema nervoso entende como processos de soluções de problemas muito parecidos, e o que realmente difere é o nível de ansiedade e expectativas que alimentamos. Isto faz com que algumas situações sejam muito piores do que outras.
A depressão também é um fator que leva à piora dos sintomas de qualquer quadro ortopédico pela baixa taxa de liberação de serotonina e outros neurotransmissores, o que diminui o limiar de dor, fazendo com que sintomas leves se intensifiquem. Um exemplo disso é o que ocorre na fibromialgia, patologia na qual três fatores são importantes para seu diagnóstico: dores itinerantes, sedentarismo e depressão.
Se levarmos em conta que a atividade física de baixa intensidade, como fazer 30 minutos de bicicleta ergométrica, já demonstra resultados equivalentes hoje à medicação antidepressiva e que com essa simples solução já estaremos atuando sobre os três fatores, podemos concluir que o maior obstáculo desse tipo de patologia é a inércia a ser vencida. Em alguns casos, a medicação com controle de prescrição médica é importante para o impulso inicial, mas, com o tempo, é imprescindível que a medicação seja gradativamente diminuída e as atividades físicas sirvam como potencializadoras da psicoterapia, fisioterapia e outras terapias que possam ser indicadas dependendo de cada caso.
Movimentar seu corpo três a quatro vezes por semana traz benefícios sobre os sistemas circulatório, endócrino, respiratório, urinário, digestório, ou seja, praticamente todos, mas não se engane, seu sistema musculoesquelético precisa de movimentação diária. A cartilagem articular necessita de movimento para se nutrir e se lubrificar, os músculos requerem movimento para manter todo o potencial de mobilidade, flexibilidade e a drenagem dos tecidos a sua volta e, com tudo isso, seus ossos recebem mais cálcio, evitando assim a osteoporose.
A burnout é uma outra síndrome que vem sendo diagnosticada com frequência e se traduz no esgotamento do indivíduo em relação ao trabalho. Em muitos aspectos, pode se confundir com um quadro depressivo ou de fibromialgia, mas, neste caso, o sintoma se apresenta principalmente em relação às questões do trabalho, um sentimento de exaustão contínua.
Pensando dessa forma, diagnósticos extremamente complicados num primeiro momento podem se tornar problemas simples. É só entendermos todos os aspectos da doença, fragmentarmos em pedaços como pequenos problemas, os quais terão uma solução mais simples do que se olharmos para o todo.
Neste caso, a avaliação por uma equipe multidisciplinar pode ser a melhor saída. Olhar para cada parte do problema é complexo para um único profissional, mas quando o médico avalia, diagnostica e medica; o psicólogo analisa e trata questões que podem vir de outras áreas da vida ou até da infância; o fisioterapeuta analisa questões biomecânicas-posturais que podem gerar sobrecarga em articulações e músculos; o acupunturista analisa e trata desequilíbrios energéticos, ajudando na regulação de hormônios e neurotransmissores; o quiropraxista ajusta as articulações; e, por fim, a nutricionista reequilibra a dieta, o resultado do tratamento é sempre mais eficiente.
Hoje contamos ainda com a visão da psicossomática, que é uma abordagem aplicável em qualquer área da saúde. Na fisioterapia, tratamos principalmente de questões emocionais ligadas a memórias de eventos que estejam gerando dores físicas. Na avaliação, é possível o fisioterapeuta verificar se existe alguma associação que o cérebro esteja gerando entre a memória de um evento e alguma sensação física. Este processo não é consciente, portanto, o paciente não escolhe ter a dor ou a doença. O trabalho do fisioterapeuta é dissociar a memória da sensação física, a partir deste momento, e, caso ainda haja incômodo psíquico, é indicado o acompanhamento do psicólogo. Nesta situação, a continuidade do trabalho do fisioterapeuta é voltada novamente para questões ortopédico-posturais.