O preço do litro da gasolina voltou a passar o patamar dos R$ 4 em Campo Grande. Pesquisa realizada pelo Correio do Estado, ontem, nos postos da Capital, constatou que a média do litro do combustível foi de R$ 4,03. Na semana passada, a Petrobras anunciou o aumento de 3,5% na gasolina e de 4,2% no diesel vendidos nas refinarias.
O preço mais barato encontrado foi de R$ 3,97, enquanto o maior valor praticado era de R$ 4,09. Entre os postos de combustíveis da BR Distribuidora, o preço foi de R$ 3,97 a R$ 4,06. Nos estabelecimentos com a bandeira Ipiranga, os valores foram de R$ 3,98 a R$ 4,09. E nos postos da bandeira Taurus, o preço do litro da gasolina variou pouco, entre R$ 3,98 e R$ 3,99.
O aumento de preços nas refinarias acontece seis dias após um ataque de drones nas instalações da petroleira Saudi Aramco em Abqaiq e Khurais, na Arábia Saudita, que impactou cerca de metade da produção do País. Segundo o diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência (Sinpetro), Edson Lazarotto, o repasse às bombas depende de políticas comerciais de postos e distribuidoras. “Os preços da gasolina foram reajustados duas vezes até a presente data, ou seja, no dia 5 e no dia 19 de setembro, que na somatória chegam até os R$ 0,10, mas o que observamos por conta da concorrência é que muitos postos reajustaram entre R$ 0,06 a R$ 0,08. Como o mercado de combustíveis é livre, não temos como precisar se ocorrerão novos ajustes, porém, a Petrobras usa o critério dos preços do barril no mercado internacional e mais a variação do dólar. Sempre ficamos na expectativa, principalmente nesse momento conturbado em que vivemos, após o ataque sofrido na petrolífera saudita”, explicou.
Na sexta-feira, conforme pesquisa do Correio do Estado, a média de preço da gasolina estava em R$ 3,97 e não havia apresentado aumento. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do litro do combustível em Campo Grande era de R$ 3,96 entre os dias 15 e 21 deste mês.
O gerente de posto de combustíveis Elias Soares, 34 anos, disse ao Correio do Estado que a alta foi repassada pelos fornecedores na sexta-feira (20). “Os preços só não subiram para aqueles que estão vendendo o estoque da semana passada. A gasolina já está vindo mais cara e nós mudamos o preço hoje, na sexta estava R$ 3,99 e hoje está R$ 4,09”, disse.
DIESEL
No caso do diesel, o valor de venda da empresa equivale a 50% do preço de bomba. Nesta segunda-feira, o preço médio do litro do diesel foi de R$ 3,70. Entre os estabelecimentos comerciais da Capital, era possível encontrar o litro do combustível entre R$ 3,69 e R$ 3,79.
Já o preço do etanol variou de R$ 3,09 a R$ 3,39 nos estabelecimentos de Campo Grande. O analista de sistemas Fernando Gomes de Andrade, 33 anos, disse que já percebeu o aumento da gasolina nos postos. “É perceptível o aumento do valor da gasolina, mas não compensa trocar e abastecer com etanol. O etanol rende menos e acaba saindo a mesma coisa”, explicou.
“O etanol como não é regulado pela Petrobras e não tem interferência externa está se mantendo nos preços normais até o presente momento. É sempre bom lembrar da paridade que existe de 70% do preço da gasolina com o do etanol, se estiver abaixo de 70%, será mais vantajoso, caso contrário a gasolina ainda será a melhor opção”, explicou Lazarotto.
REFLEXOS
O Governo dos Estados Unidos chegou a autorizar, no domingo (15), o uso de reservas estratégicas para tentar conter a escalada. Na segunda (16), a Petrobras havia informado que esperaria o mercado se acalmar para definir reajustes, com o objetivo de evitar repasses das volatilidades ao consumidor brasileiro.
Na terça (17), após entrevista em que o governo da Arábia Saudita anunciou que a retomada da produção seria mais rápida do que o esperado, a cotação do petróleo tipo Brent, negociado em Londres e usado como parâmetro internacional, caiu 6,5%.
A princípio, o Sinpetro-MS esperava que o impacto fosse sentido em cerca de 10 dias. Em nota, o sindicato havia informado que não teria reajuste imediato. “O momento é atípico e não deve durar; e, assim como divulgou a Petrobras, não haverá reajuste imediato no preço dos combustíveis. A Petrobras deve aguardar alguns dias para ver como o mercado internacional se comporta, é um cenário desafiador, pois terá de provar independência política de preços e também evitar reações por parte dos caminhoneiros”.