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VEJA O VÍDEO Presidente da Câmara dá puxão de orelha em vereador que rasgou projeto Salineiro disse que sentia vergonha de ser vereador 24 SET 2019 • POR BRUNA AQUINO • 15h43

Após o vereador André Salineiro (PSDB) rasgar projeto e dizer que sentia vergonha de ser vereador na sessão da última quinta-feira (19), presidente da Câmara de Vereadores, vereador João Rocha (PSDB) usou a palavra livre nesta terça-feira (24) para se pronunciar sobre o caso. Em seu discurso, Rocha destacou a importância de um parlamentar legislativo e seus deveres, frisou sobre o respeito entre os colegas e deixou um recado para evitar um novo episódio semelhante. “Não posso aceitar atitudes como essa, me machuca ver um projeto rasgado neste plenário, projeto com parecer contrário é normal quando é dado como inconstitucional, como presidente desta casa confio na procuradoria geral e na Comissão de Constituição e Justiça”, disse. 

Ainda em seu discurso, Rocha mencionou que vereadores não podem misturar suas profissões. "Não podemos misturar nossas profissões com as atividades legislativas aqui nesta Casa, é isso que a população espera, não podemos nos vestir de vereadores chegar aqui e exercer nossas outras funções é desvio de função, precisamos ter cuidado no que fazemos, eu jamais rasgaria um projeto, um projeto é a construção de todo um trabalho, eu tenho orgulho de ser vereador de Campo Grande e tenho orgulho dos meus colegas”, disse. 

No final do discurso Rocha disse que tudo está voltado na lição de aprender a lidar com as frustrações. “Precisamos aprender a lidar com as frustrações por esta Casa, pelo tamanho da responsabilidade que Campo Grande espera da gente, nós precisamos seguir trabalhando com honra e respeito”, finalizou.  

POLÊMICA

Marcada por discussões, a sessão ordinária da última quinta-feira (19) na Câmara Municipal de Campo Grande deu o que falar. Durante parecer de um dos projetos pautados para a votação, o vereador André Salineiro (PSDB) protagonizou um barraco após ter o projeto que concedia prêmio a pessoas que comunicassem as autoridades crimes contra a Administração Pública barrado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), por quatro votos a um, por ser considerado inconstitucional.

Irritado com a negativa dos colegas, o parlamentar perdeu a paciência e falou aos "quatros cantos" que sentia vergonha de ser vereador e sentia vergonha de "pessoas" que não sabiam justificar o próprio voto contrário. Depois do desabafo e sem pensar duas vezes, o parlamentar rasgou o projeto na frente dos colegas e dos presentes na sessão. 

Durante a confusão, Salineiro disse que o projeto não foi levado em consideração aos vereadores, mesmo entendimento do STJ e STF, mas foi apenas reprovado pelo CCJ da Casa de Leis. “É todo um trabalho jogado fora, apenas é doutrina da nossa CCJ”, ironizou. 

COLEGAS SE MANIFESTARAM

Revoltados com a ação do colega, os vereadores se manifestaram e disseram que o sentimento na Casa de leis é de tristeza e nem um pouco de vergonha por serem quem são. 

O vereador delegado Wellington (PSDB) colega de bancada de Salineiro pediu desculpas a todos na tribuna no lugar do colega. “ Eu me senti ofendido na semana passada, eu acho que o colega vereador deveria vir pedir desculpas a população, aliás, eu peço desculpa a população e não é vergonha para mim ser vereador, outra coisa, a mídia é tendenciosa, não sabe o que fala, eu votei a favor do projeto porque eu não tinha entendido a pergunta, vim com humildade e justifiquei de forma jurídica, nós não podemos transformar gotículas de água em um maremoto”, disse. 

Dr. Cury (Sem Partido) disse que está muito triste porque o vereador é considerado da família. “Fico triste, porque Salineiro faz parte da minha família é amigo dos meus filhos, quando ele fala que tem vergonha dessa Casa, então ele está falando que tem vergonha de mim”, disse. 

Neutro na situação, o Dr. Loester (MDB) disse que às vezes o projeto entra sem conhecimento se é constitucional ou não. “Muitas vezes a gente não tem esse conhecimento, a gente entra com o projeto mas as vezes não sabe se é inconstitucional, eu fico chateado, eu acho que o erro não foi pelo projeto, mas pela conduta do colega, fiquei um pouquinho chateado porque houve um somatório de erros, mas entendo que isso acometeu ao espírito do vereador”, contou. 

Para Valdir Gomes (PP) conversa de “Maria lavadeira” não vai resolver a situação. “As pessoas vão votar nos projetos pela relevância e não pela quantidade, não é porque tem uma eleição que é para se promover em cima, eu honro meu mandato, cada um tem que trabalhar de forma correta e não acusar companheiros desta casa”, disse. 

Vereador Carlão (PSB) finalizou a série de desabafos e disse que é triste quando vê notícias relacionadas e quando a pessoa usa o vídeo para falar que é melhor do que os outros e pediu harmonia na Casa. “Tem espaço para todos, tem 1000 vereadores que queriam estar aqui, vamos pensar na cidade, ajudar o povo, eu não tenho vergonha, eu tenho orgulho, eu fiz muito por Campo Grande, peço harmonia entre nós”, finalizou.