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PECUÁRIA Aumento da demanda externa estimula reabertura de frigoríficos A medida refletirá na geração de empregos e novas possibilidades de exportações para o Estado 27 SET 2019 • POR SÚZAN BENITES • 10h00

A reabertura da planta frigorífica em Coxim e o anúncio de reativação do frigorífico em Rio Verde de Mato Grosso trazem a retomada de empregos e novas possibilidades de exportações para Mato Grosso do Sul. O Estado encerrou 2018 com 134 unidades (entre processamento de peixe, bovinos, aves e suínos), conforme dados da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul (Fiems), que respondem pela geração de 26.135 empregos e um valor de produção de R$ 14,5 bilhões. 

A JBS possui mais de 15 unidades no Estado, em dez municípios, com mais de 15 mil trabalhadores, e retomou em agosto a operação na unidade de Coxim. De acordo com o gerente-administrativo da Associação Comercial e Industrial de Coxim, Cícero José da Silva, a reabertura do frigorífico foi positiva para a cidade. 

RETOMADA

A reativação da indústria frigorífica em Rio Verde de Mato Grosso foi anunciada no dia 19 deste mês, durante o projeto Governo Presente. Segundo o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, a planta industrial gerará até 500 empregos. “No próximo ano, serão 200 empregos e, até o fim, 500 empregos. Uma planta que vai atender o mercado interno e habilitar para o mercado internacional. Os investimentos previstos para a reativação da indústria chegam a R$ 40 milhões, porque ela precisa ser modernizada para ser cadastrada no Serviço de Inspeção Federal (SIF). Uma doação de 5 hectares já foi realizada pela prefeitura, porque é necessário adequar a planta às exigências dos mercados nacional e internacional”, detalhou o secretário.

De acordo com o prefeito de Rio Verde, Mário Kruger, com a vinda do frigorífico, que deve ser inaugurado em janeiro de 2020, a população será beneficiada. “Hoje, nós cedemos cerca de 400 funcionários para São Gabriel do Oeste, que trabalham nas indústrias frigoríficas de lá. São 24 horas de ônibus rodando e as pessoas se deslocando para lá. Agora, elas terão a oportunidade de ficar aqui, em sua casa. Com a vinda do frigorífico, nós reivindicamos que sejam feitas uma estrada no espaço onde é nosso parque de exposições e uma ponte para chegar ao frigorífico. O local estava parado e foi arrematado pela associação MS Bois. Até o fim do ano, no máximo início de janeiro, estará em operação”, disse.

A planta industrial abre possibilidades para a exportação. Conforme o secretário, esse frigorífico de Rio Verde pode se credenciar para exportar para Israel. “Esse é um momento muito propício, a nossa ideia é posicionar o Brasil, e o Estado entra muito forte nisso, como exportador de proteína animal. Nós queremos cada vez mais no futuro exportar menos farelo e soja e mais suínos, bovinos e aves. Mato Grosso do Sul cresceu em mais de 30% na exportação de carne bovina. Só na base suinocultura, são mais de R$ 200 milhões de investimentos de empresários, tanto a Aurora quanto a Seara de Dourados ampliaram sua capacidade industrial. O que nós precisamos hoje é investir mais em suinocultura. Nós temos uma previsão de que daqui até o próximo ano serão investidos quase R$ 350 milhões”, detalhou  Verruck.

Em 2018, segundo dados da Associação de Matadouros, Frigoríficos e Distribuidores de Carne (Assocarnes-MS), entraram em operação ou retomaram funcionamento as unidades frigoríficas de Nioaque e Santa Rita do Pardo. 

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EXPORTAÇÕES

A ministra Tereza Cristina falou ontem, durante o encontro dos ministros do Brics, que a atuação não só do Mato Grosso do Sul, mas do Brasil como um todo ainda é tímida em relação às exportações. “Somos muito acostumados a fazer soja, carnes, proteína animal, um pouco de milho e algodão. Somos acostumados a trabalhar, enfim, com commodities. Estas pessoas do setor privado que nos acompanharam elas ficaram estarrecidas com o mercado potencial que o Kwait tem, por exemplo, para produtos de valor agregado brasileiro. A renda per capita lá é de US$ 40 mil. Eles são acostumados a comprar produtos de grande qualidade. Então vamos ter de agregar valor”. 

Sobre a venda de carne bovina in natura para os Estados Unidos, ela disse que, após visitas técnicas do país, ainda aguarda o relatório final para reabertura do mercado, que deve ser divulgado entre setembro e outubro.