Os campo-grandenses enfrentam há anos os problemas de enchentes e suas consequências devastadoras. Alguns pontos da cidade, como a Avenida Nelly Martins – a Via Park – ou o cruzamento da Rua Rachid Neder com a Avenida Ernesto Geisel, ainda alagam quando o volume de chuva é grande, mas com pouco tempo de duração, o que sobrecarrega os canais dos córregos e rios.
O superintendente da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), Mehdi Talayeh, explicou que as barragens de contenção retardam o fluxo de água para dar tempo de evasão. “Elas servem para segurar a velocidade da água que está descendo pelo canal, para dar tempo do restante escoar”, disse.
Talayeh afirmou também que, por falta de capacidade dos canais de suportar o volume de água, eles acabam transbordando e provocando os alagamentos. O problema seria resolvido com a construção das seis barragens previstas no Plano Diretor de Drenagem Urbana, de 2008, que planejava a obra de 12 barragens na Bacia do Prosa, mas depende da captação de recursos, o que ainda está em trâmite.
OBRAS
Conforme o engenheiro da Central de Projetos da Prefeitura de Campo Grande e ex-secretário municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana (Semadur), Marcos Cristaldo, seis já foram construídas e a outra metade ainda precisa de recursos. “Essas barragens começaram a ser executadas em 2005. Ainda assim, algumas obras foram feitas por compensação ambiental pela iniciativa privada”, disse ele, que citou a última barragem construída, dentro da Praça das Águas, localizada nos altos da Avenida Afonso Pena, que foi feita pelo Shopping Campo Grande em parceria com a prefeitura.
A represa tem capacidade de reter de 23 mil metros cúbicos de água.
Mas as contenções construídas não são suficientes para impedir as enchentes nas principais vias da Capital. Há quase um ano, no período de chuvas mais intensas – que está próximo de recomeçar este ano –, os moradores de Campo Grande sofreram com a água que invadiu as ruas e suas casas. Na época, o Correio do Estado mostrou vários carros que foram arrastados por conta dos alagamentos provocados pela chuva, principalmente nas avenidas Nelly Martins e Ernesto Geisel.
CAOS
Na Via Park, o córrego transbordou e a água invadiu parte da pista próximo à Avenida Afonso Pena. Veículos que estavam estacionados foram invadidos pela água e outros que passavam pelo local foram arrastados pela enxurrada. Alguns motoristas se arriscaram a passar pelo trecho e ficaram presos no alagamento. Agentes da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) foram ao local para orientar os motoristas a pegar desvios e evitar passar pelo trecho.
No Parque das Nações Indígenas, o lago também transbordou e se juntou às águas da região do Sóter. Um funcionário do local, que não quis ser identificado, disse que nunca havia visto “algo assim antes”. Duas árvores caíram no parque, sendo uma dentro da reserva e outra no estacionamento. Na Avenida Ernesto Geisel, o Rio Anhanduí transbordou e vários carros foram arrastados pelas águas. Também houve alagamento na Rua Rachid Neder e nas avenidas Fernando Corrêa da Costa e Mascarenhas de Moraes.
Na Rua 25 de Dezembro, no Bairro São Francisco, ainda na região central, o asfalto que havia sido colocado na via em serviços de recapeamento saiu quase que por inteiro, abrindo verdadeiras crateras. Toda a situação se repetiu ao menos em duas outras chuvas na Capital, em fevereiro e março deste ano.
Nos últimos 60 dias, período em que praticamente não choveu, a Sisep executou uma série de ações para melhorar a vazão dos córregos, além da limpeza e desobstrução de parte da rede de drenagem.
As ações preventivas preparam a cidade para o período de chuva mais intenso a partir de outubro, conforme Talayeh. “[Nós fizemos] limpeza dos canais de água, melhorando a parte da drenagem, retirando vegetação, entulhos, sujeiras. Mas a gente ainda não está 100% preparado”, contou.