A ousadia é uma das marcas de Claude Troisgros. Responsável por diminuir a distância entre a França e o Brasil através da comida, o “chef” ganhou fama e prêmios ao investir na exótica mistura de ingredientes como caju, jiló, mandioca e açaí, com clássicos como foie gras e champgnon. Cozinhando na tevê há 15 anos em diversos programas no GNT, Claude agora vive um outro momento de ousadia ao encarar o público da tevê aberta à frente do “Mestre do Sabor”, disputa gastronômica que a Globo exibe nas noites de quinta. “É um outro esquema de trabalho. Não estou cozinhando com convidados, mas apresentando e fazendo a ponte entre os competidores e técnicos. Mais uma vez, estou na companhia de Batista, meu braço-direito. Depois de um tempo para adaptação, me sinto entre amigos e em casa”, garante.
Natural da pequena cidade francesa de Roanne, na região do Loire, Claude já era um “chef” respeitado quando decidiu aceitar um convite para levar seu jeito descontraído de cozinhar para o vídeo. Em 2004, seu sotaque e dicas culinárias invadiram a programação do GNT e não saíram mais. À frente de mais de 22 temporadas do “Que Marravilha!”, ele já desafiou diversos famosos, ensinou suas receitas a anônimos e fez viagens pautadas pela gastronomia. Mesmo do alto de toda essa experiência, aos 63 anos, ele é só modéstia na hora de definir sua participação no “Mestre do Sabor”. “Estou lá para aprender. Os competidores selecionados são incríveis e acho que a troca profissional será muito rica”, valoriza.
P - Você já é um grande conhecido do público da tevê fechada. Como encara essa estreia em uma emissora aberta de grande alcance com a Globo?
R - Eu estou na televisão há 15 anos. Não sou ator ou apresentador, sou um cozinheiro. Mas esse tempo todo lidando com os bastidores e estúdios acabou me dando alguma noção de como esse universo da televisão funciona. Mesmo com toda essa experiência, quando cheguei aos Estúdios Globo, travei um pouco. No primeiro dia de gravação, eu e Batista não sabíamos nem o que falar. Fiquei muito nervoso e surpreso, positivamente falando, com o tamanho da equipe, do estúdio, a quantidade de luzes (risos).
P - O que difere seu trabalho no “Mestre do Sabor” com os programas que você já apresentou ao longo da carreira?
R - É tudo novo para mim. É a primeira vez que não estou cozinhando. Não tenho uma receita para seguir ou ensinar e não estou mais de dólmã. Então, o grande diferencial desse programa é que eu preciso me concentrar na função de apresentador. É uma experiência interessante e estou bem acompanhado.
P - Sua interação com o Batista no “Que Marravilha!”, do GNT, é sempre muito informal. Isso se repete no novo programa?
R - Sem dúvida. A gente se conhece há quase 40 anos. No início, confesso que ficamos meio intimidados. Demoramos um tempo para relaxar e ser o que a gente é normalmente nas gravações. Mas já estamos totalmente adaptados e sendo o Claude e Batista de sempre, com toda essa mistura de emoção, risadas e boas histórias.
P - E como é a convivência com os “chefs” que integram o time de técnicos: Léo Paixão, Katia Barbosa e José Avillez?
R - O ambiente de trabalho é extremamente agradável. A Kátia eu admiro há muito tempo, sei o que ela pensa e como ela reage. O Leo eu conheci no restaurante dele em Belo Horizonte. Ele tem uma paixão enorme pelo o que faz. Respeita o tradicional e consegue modernizá-lo. Foi uma das minhas recomendações para a produção. O Avillez é famoso no mundo todo, já tinha ouvido falar dele. Foi ótimo descobrir o profissional carinhoso e parceiro que ele é.
P - Depois de se envolver em tantos “realities”, quais habilidades você acha essencial para um competidor vencer o “Mestre do Sabor”?
R - Acredito que simplicidade é fundamental. Depois de ver muita gente boa ser eliminada de competições, percebi que o erro muitas vezes está na complicação. O candidato acha que complicar um prato, mesmo que ele tenha muita sabedoria e técnica para isso, é um “plus”. E não é. Não é porque tem o nervosismo de estar em frente a uma câmera, participando de uma eliminatória. Muitas vezes ele pode se perder. Quanto mais simples, melhor o prato vai ficar. Ele pode se concentrar em três ou quatro elementos, no máximo, e ter certeza de que, se estiver bem feito, vai longe.