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GRUPO DE EXTERMÍNIO Jamil Name Filho pode ter cometido crimes também no Uruguai Em diálogo interceptado, funcionário da família fala em prática de fato grave no país 17 OUT 2019 • POR Da Redação • 08h30

A conversão da prisão temporária em prisão preventiva de policiais, guardas municipais e funcionário que davam suporte à família de Jamil Name e Jamil Name Filho está apontando para mais um item de desdobramento das investigações em torno da organização criminosa ligada à prática de crimes de pistolagem e outros delitos: Jamil Name Filho pode ter cometido crimes também no Uruguai.

No relatório para o decreto das prisões de oito supostos envolvidos com o esquema, o juiz Marcelo Ivo de Oliveira, da 7ª Criminal de Campo Grande, cita Luís Fernando Fonseca, apontado pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), na Operação Omertà, como integrante do núcleo de gerência da organização criminosa. 

Para os investigadores, Luís Fernando era visto como pessoa de confiança da família de Jamil Name Filho, para quem trabalha há mais de 35 anos, e figura como interlocutor em vários diálogos captados em gravações telefônicas, autorizadas pela Justiça, com o próprio Jamil Name, agindo, muitas vezes, como porta-voz deste.

Ainda de acordo com as justificativas para a decretação das prisões preventivas, “em algumas das conversas interceptadas, o representado Luís Fernando da Fonseca demonstra conhecer a fundo os negócios da família, inclusive os ilícitos praticados, tanto que em uma delas afirma categoricamente que as armas apreendidas em 19 de maio de 2019 pertenciam ao líder da organização criminosa, Jamil Name Filho”.

URUGUAI

Ainda segundo as informações, em diálogo interceptado com autorização judicial e datado de 25 de junho de 2019, Fernando teria afirmado a respeito de Jamil Name Filho que “tem muita coisa, não é pouca coisa não. Se explodir mais coisa, Deus me livre, nossa”, o que complicaria, na avaliação policial, a situação da família Name pelo envolvimento em homicídios ocorridos na Capital.

Fernando também teria sido identificado em outra conversa telefônica interceptada, em que falou sobre Jamil Name Filho nos seguintes termos: “Rapaz, se eu te contar o que ele fez no Uruguai”, demonstrando, na análise, ter conhecimento de algum fato grave.

Em outro período de interceptação, os investigadores teriam detectado conversa de Fernando com um homem conhecido como Cezinha, no dia 23 de setembro, em que novamente fala sobre algum ato ilegal cometido por Jamil Name Filho no Uruguai. 

As citações serão objeto de investigações complementares. Informações dão conta de que Jamil Name Filho fazia viagens ao Uruguai, ligadas ao comércio de cavalos de raça.

PRISÕES

O juiz Marcelo Ivo atendeu a requerimento do Gaeco e transformou em prisões preventivas as temporárias anteriormente decretadas contra Elvis Elir Camargo Lima, Eronaldo Vieira da Silva, Euzébio de Jesus Araújo, Everaldo Monteiro de Assis, Frederico Maldonado Arruda, Igor Cunha de Souza, Luís Fernando da Fonseca e Rafael Carmo Peixoto Ribeiro.

Por outro lado, a 9ª Região Militar solicitou ao juiz Marcelo Ivo uma cópia do material em que figura o soldado reformado do Exército Andrison Correia, apontado como corréu em uma das ações criminosas. O material será usado para instruir procedimento administrativo (Conselho de Disciplina) contra ele, que já foi denunciado em dois processos, por crimes de organização criminosa e obstrução da Justiça. Em outra acusação, é citado por organização criminosa armada, milícia armada, corrupção de agentes públicos e extorsão.