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POUCA OFERTA, PREÇO ALTO Para baixar preço, Brasil pode importar carne bovina Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, cogitou a hipótese caso falte carne e preço continue subindo 26 NOV 2019 • POR SÚZAN BENITES • 09h45

Durante a inauguração do complexo industrial de processamento e refino de soja da Coamo, em Dourados nesta segunda-feira (25), a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina Dias, declarou que em caso de desabastecimento da carne bovina no País, o Brasil poderia importar o produto.  Ela ainda afirmou que alta no preço ocorre porque o preço da arroba do boi permaneceu congelado por muitos anos. 

A arroba do boi apresentou grande valorização nos últimos dias. Em 15 de outubro a arroba do boi gordo em Mato Grosso do Sul custava R$ 155,50, conforme dados da Scot Consultoria. Nesta segunda-feira a arroba está cotada a R$ 207,00 em Campo Grande, aumento de 33,11% em pouco mais de um mês.  “Você tem que lembrar quanto tempo a arroba do boi ficou parada? O produtor rural aguentou muitos anos isso. Esse é um momento de equilibrio dessa cadeia produtiva, a cadeia vive um momento de euforia, mas já esse mercado vai se equilibirar, os preços não serão os praticados há dois meses, mas acho que essa euforia não continua, é um momento de ajuste da carne brasileira. Eu acho que não se pode dizer vai faltar [carne] e outra coisa o Brasil é exportador mas também pode importar a carne se precisar para dar equilíbrio ao mercado”, afirmou a ministra Tereza Cristina. 

Para o presidente da Associação de Matadouros, Frigoríficos e Distribuidores de Carne (Assocarnes-MS), Sérgio Capuci, a formação do preço da arroba está tanto ligada à falta de animais no País quanto à exportação para a China. “Se a gente for calcular os impactos na formação do preço da arroba e consequentemente do aumento da carne para o consumidor, a exportação para a China representaria uns 30%. Os outros 70% por causa da baixa oferta de animais principalmente por causa do período de estiagem”, explicou. 

Capuci reforça ainda que não acredita que faltará carne no mercado interno sul-mato-grossense, mas que caso faltasse, provavelmente a importação seria realizada do Paraguai. “O que já está acontecendo é a redução do consumo, por isso, não acredito que faltará carne no mercado interno. Com a chegada dos novos preços da carne aos consumidores, eles acabam reduzindo o consumo. Caso fosse preciso comprar de fora seria da Argentina, mas está mais caro, também. Estão com muita exportação. A mesma coisa o Uruguai que está importando aqui do Brasil, porque está faltando lá. Acredito que hoje seria do Paraguai”, informou.

LEITE

Outro ponto abordado pela ministra foi a pecuária leiteira. Tereza Cristina acredita que a cadeia produtiva do leite precisa se organizar melhor e entregar produtos industrializados e não só matéria-prima. “Estamos trabalhando muito, no ministério nós abrimos 25 plantas de lacteos pra China, agora a cadeia precisa estar organizada, não vamos vender leite in natura vamos vender queijo, leite em pó, leite condensado, etc. Essa cadeia precisa se organizar, os produtores e a indústria precisam estar mais juntos, talvez o melhor exemplo seja essa aqui: a cooperativa”, explic a ministra.

GRÃOS

Em Mato Grosso do Sul, a safra de soja já estava completamente semeada, neste mesmo período do ano passado. O atraso atual é de 27%, devido ao baixo volume de chuvas. De acordo com a Associação dos Produtores de Soja de Milho de MS (Aprosoja-MS), esse atraso no plantio deverá impactar negativamente nas segundas safras do Estado, em especial o milho, uma vez que as janelas de semeadura ficarão prejudicadas. Para se atingir a máxima produtividade do cereal em Mato Grosso do Sul, a maioria dos agricultores deveriam semear o milho até o dia 10 de março, entretanto, considerando os ciclos de cultivares utilizados pelos produtores na safra de soja e a época de plantio. 

A Aprosoja-MS estima que cerca de 30% do milho deverá ser plantado fora dessa janela, ficando sujeito a perdas por possíveis geadas, muito comum nos meses de junho e julho, principalmente ao Sul do Estado. “A estiagem é preocupante nós estamos atentos lá no ministério, porque você tem janelas para segunda safra, talvez não para a primeira e estamos atentos em o que fazer para ajudar a agricultura principlamente do Mato Grosso do Sul e um pedaço do Paraná que sofre mais com esse retardamento da chegada das chuvas. Mas se Deus quiser semana que vem a chuva deve engrenar e teremos muita soja, vamos bater recorde de novo como foi no ano passado não só aqui como no Brasil todo”, considerou a ministra Tereza Cristina.

INDÚSTRIAS

O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e a ministra da Agricultura Tereza Cristina participaram da inauguração do complexo industrial da Coamo, em Dourados, que ocorreu na manhã desta segunda-feira. As indústrias de processamento e refino de soja vão gerar mais de 300 empregos diretos. O investimento no complexo foi de R$ 750 milhões.

O convite para que a indústria se instalasse no Estado veio da ministra, quando ainda era secretária de agricultura de MS, em 2003. “Esse é um momento em que o Brasil que exporta, abre mercado, ter mais produtos de valor agregado. A nossa soja em forma de farelo e de óleo é importantissímo. Esse farelo vai fazer com que a suinocultura e avicultura, daqui da região possa se desenvolver”, afirmou Tereza Cristina.

O governador do Estado comemorou a inauguração do complexo e declarou que o mais importante é que o Estado está passando confiança. “O investidor quando investe é porque ele confia e eu tenho certeza que essa parceria construída com a Coamo vai agregar valor a matéria prima, além de gerar empregos”, afirmou Azambuja.