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TRANSPORTE PÚBLICO Cobrando melhorias e reajuste salarial, motoristas protestam na Afonso Pena Passeata aconteceu na manhã de hoje (7) e contou com apoio da população 7 DEZ 2019 • POR ALÍRIA ARISTIDES • 12h29

Com cartazes cobrando respeito e melhores condições, cerca de 100 pessoas participaram de manifestação organizada na manhã de hoje (7) por motoristas do transporte público coletivo, que cobram melhorias no emprego como reajuste salarial de 13%, aumento no valor do ticket alimentação e menor carga horária. 

Sem o apoio do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande (STTCU), o grupo de motoristas usava nariz de palhaço como protesto. Familiares e usuários do transporte coletivo também participaram da passeata, que seguiu pela avenida Afonso Pena e teve o percurso encerrado em frente à Morada dos Baís.

Dois dos funcionários que lideravam as cobranças por reajuste salarial foram demitidos na sexta-feira (6) por "ordens de cima", conforme relatado. Thiago Martins, um dos motoristas demitidos, afirma que outros funcionários deixam de se manifestar por temerem a demissão. 

“Deixaram eu trabalhar na sexta, aí faltando dez minutos para a hora de sair me chamaram e disseram que eu estava desempregado, que a ordem veio lá de cima. Foi retaliação isso, tenho família para sustentar e agora vai ser muito difícil, vou precisar me virar”, afirma o funcionário.

Motorista de transporte coletivo há 15 anos e trabalhando no ramo desde 1996, Fernando Cassiano de Sá era um dos participantes da passeata. Segundo o funcionário, uma das motivações para o protesto é a demissão dos colegas. “Poderia ter sido eu, poderia ter sido qualquer um dos motoristas. Não queremos prejuízo para ninguém, não estamos fazendo bagunça aqui. Motorista passa por estresse, adoece com o trabalho desgastante e ainda é mal remunerado. Queremos chamar a atenção do TRT [Tribunal Regional do Trabalho] que vai assumir nossa causa, que ajam com justiça”, desabafa. 

Ainda segundo Cassiano, o apoio da população é fundamental para a manifestação dos funcionários. “A população está todo dia com a gente, é quem vê o que passamos. A indignação é de todos, quando a gente fala o valor do ticket alimentação, que está R$110, todo mundo fica indignado. O que dá para comprar com isso hoje em dia?”, conclui. 

IMPASSE

O salário dos funcionários da concessionária é um dos índices que compõem a fórmula que define o aumento da tarifa do transporte coletivo. O Correio do Estado noticiou na edição de terça-feira (3) a indefinição do Poder Público sobre o reajuste anual da tarifa.

Originalmente, o contrato previa a data-base para o aumento em março, mas a data foi antecipada para outubro, após termo aditivo assinado em 2013. Na cerimônia de entrega de 20 ônibus e 15 micro-ônibus, na segunda-feira (2), tanto representantes da prefeitura como do Consórcio Guaicurus disseram que ainda não há definição do reajuste deste ano.

Segundo o diretor-presidente da Agência Municipal de Regulação de Serviços Públicos (Agereg), Vinícius Campos, o índice relativo aos salários é um dos que mais pesa no reajuste, além do preço dos combustíveis. “Pelo fato de o reajuste salarial impactar muito no cálculo do reajuste tarifário, ainda não há uma definição”, explicou.