A morte da aposentada, Eleuzi Silva Nascimento, 64 anos, no início desta tarde vítima da Covid-19, expõe as falhas nas notificações da doença em Mato Grosso do Sul. A idosa - primeiro óbito da doença no Estado - que vivia em Batayporã e foi merendeira em escola pública estadual durante quase toda a vida, estava internada no Hospital da Cassems, em Dourados - a 230 quilômetros de Campo Grande -, desde terça-feira (24).
Mas ela chegou na unidade de saúde em estado gravíssimo após ficar uma semana - entre 16 e 23 de março - internada em Nova Andradina. No hospital ela apresentou problemas respiratórios graves e em nenhum momento foi testada para coronavírus. O teste só aconteceu um dia após receber alta e passar mal novamente, a ponto de precisar ser entubada e levada as pressas para Dourados.
“Só então desconfiaram que poderia ser coronavírus. Aí que viram, porque piorou muito e foi entubada. Mas a gente não imaginou que poderia ser coronavírus”, explicou a cunhada da vítima, Leonida do Amaral Silva, 65 anos.
Outra possível falha nas notificações dos casos de covid-19 no Estado é observada pela família. Em nenhum momento houve confirmação de que a irmã de 59 anos, que esteve na Bélgica foi a responsável pela contaminação de Eleuzi. Porém, no boletim epidemiolóigico divulgado ontem pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) a contaminação da idosa de 64 anos é atribuída a irmã. Eleuzi teve a doença confirmada no dia 24 (terça-feira) e a irmã que está em isolamento domiciliar só dois dias depois.
“Quando levaram ela (Eleuzi) para Dourados a irmã que tinha voltado da Bélgica fez o exame e deu positivo para o coronavírus. Só depois de tudo isso. Ela está bem, em casa e não teve sintomas. Outras pessoas da família, uma filha e uma sobrinha também fizeram o teste e deu negativo. Mas a Eleuzi esteve em Cuiabá (MT) no começo do mês. Voltou para Batayporã no dia 7, já bem gripada, comprometida”, relata Leonida.
A situação grave da aposentada pode ter sido mascarada por outros problemas de saúde que ela enfrentava. “Ela já tinha problemas respiratórios, acharam que era pneumonia. Ela era fumante, fazia tratamento para efisema há quatro anos”, explicou a cunhada.
Sem velório por orientação das autoridades de saúde, o sepultamento de Eleuzi que será no cemitério municipal de Batayporã ainda não tem horário confirmado. A família aguarda a liberação do corpo. “Nos disseram que vai direto para o cemitério, mas não sabemos o horário, nada. Que Deus nos proteja!”, disse Leonida.