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CAMPO GRANDE ADOTOU Resende critica Trad por protocolo com hidroxicloroquina e ivermectina Secretário de Saúde diz que único medicamento eficaz contra a Covid-19 é o isolamento social 3 JUL 2020 • POR Glaucea Vaccari • 14h02

Protocolo aprovado pela Prefeitura de Campo Grande para tratamento e prevenção do coronavírus como a hidroxicloroquina e a ivermectina, foi criticado pelo secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, pela falta de evidências de que os medicamentos sejam eficazes no tratamento da Covid-19.

Sem citar nomes, secretário afirmou que as pessoas que advogam em favor destes medicamentos estão muitas vezes lastreados em informações sem evidências científicas.

“Nós precisamos sair do obscurantismo de alguns que teimam agora em arrumar receita mágica de que este ou aquele medicamento está salvando a vida das pessoas. O único medicamento que existe hoje e é forte contra a Covid-19 é o isolamento social”, disse Resende.

Conforme o protocolo da prefeitura, a ivermectina deve ser usada antes da apresentação de sintomas do novo coronavírus, mesmo sem um resultado positivo para a doença, enquanto a hidroxicloroquina seria administrada para as pessoas que estivessem nas primeiras horas dos sintomas, também sem necessidade de confirmação da Covid-19.

Secretário estadual de saúde afirmou que estudos apontam que os medicamentos não têm nenhuma eficácia no tratamento ou prevenção da doença.

“Já passamos da fase de cloroquina, evidências cientificas mostraram que não tem tratamento nenhum com cloroquina que dê certo, pode ser tratamento precoce, tratamento tardio. Outro medicamento, a ivermectina, não tem evidência, foram só estudos na Austrália, in vitro, que significa que não tem evidência”, afirmou.

Apesar disso, o secretário confirmou que o Estado recebeu do Ministério da Saúde 16 mil unidades de cloroquina, com mais de 13 mil sendo distribuídas aos hospitais e quase 3 mil ainda em estoque, para uso nos casos em que profissionais de saúde optarem pelo protocolo caso a família ou o paciente queiram.

Ele alertou ainda que a ivermectina está em falta em algumas farmácias, mas que há estoque do remédios para as unidades de saúde.  

“Se preciso for, se médicos quiserem prescrever, e aí é o CRM [Conselho Regional de Medicina] dele que estará na discussão, eles poderão fazê-los que certamente estará disponível a nossa população”, concluiu.

PARCERIA COM O EXÉRCITO

A Prefeitura de Campo Grande pretende adquirir cerca de 1,3 milhão de comprimidos de hidroxicloroquina e ivermectina para serem disponibilizados para o tratamento inicial de casos de Covid-19 e até de suspeitos. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), esses medicamentos podem ser adquiridos por meio de parcerias, e uma delas deve ser com o Laboratório do Exército.

O uso dessa medicação deverá ser feita apenas se prescrita por um médico, observando-se as características do paciente para o uso, crianças, por exemplo, não podem fazer uso da hidroxicloroquina. Segundo o prefeito, assim que a administração conseguir encontrar um fornecedor, todo o processo de compra deve levar até 25 dias.

Esse protocolo adotado em Campo Grande já é feito em outras localidades do País, como Vitória (ES), Belém (PA) e Porto Feliz (SP).