Logo Correio do Estado

FRUTINHAS DO MATO Conheça as frutinhas do mato em Mato Grosso do Sul Essas frutinhas do mato podem ser facilmente encontradas em Campo Grande 7 JUL 2020 • POR Adriel Mattos • 17h54

Guavira, cumbaru, pequi. A variedade de frutos que se encontra no Cerrado e no Pantanal de Mato Grosso do Sul é enorme. Somente no Cerrado, são mais 12 mil espécies catalogadas, segundo dados da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS).

Apesar do clima predominantemente seco, essas “frutinhas do mato” se adaptam também aos incidência e alta incidência de radiação UV (ultravioleta), segundo estudo dos pesquisadores Amanda Figueiredo Reis e Marcio Schmiele, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).

Conheça alguns frutos, catalogados pelo projeto “Sabores do Cerrado & do Pantanal”, da UFMS.

ACURI

Também conhecido como bacuri, auracuri ou guaracuri, o acuri tem sua temporada de frutificação de outubro a fevereiro. A amêndoa é boa fonte de ferro e rica em fósforo. Já a polpa tem magnésio, vitamina A e cobre.

ARATICUM

O araticum frutifica entre novembro e fevereiro, e também é conhecido pelos nomes de pinha-do-cerrado ou marolo. Rica em carotenoides, magnésio e vitamina C, a polpa pode ser consumida fresca, na forma de sorvetes, sucos, geleias, doces, tortas e licores.

Porém, os pesquisadores alertam que o fruto tem uma facilidade considerável de perecer.

“O consumo da polpa do araticum é limitado pelo fato de ser um fruto sazonal e com propriedades que a tornam altamente perecível, tais como o pH (baixa acidez) e que favorecem o crescimento microbiano”, apontam.

BOCAIUVA

Encontrada de outubro a janeiro, a bocaiuva é rica em carotenoides e cobre. Já sua amêndoa é rica em fósforo, magnésio, cobre, minerais, fibras e óleos. Com alto valor nutritivo, também conhecida como macaúba.

BURITI

Com fibras e proteínas, o buriti tem uma polpa é rica em carotenoides pró-vitamina A.

Os estudiosos citam um exemplo do uso do óleo do buriti na merenda escolar, descrito em outro estudo brasileiro. O teste foi realizado em 2011 na cidade de Picos, no Piauí.

“As amostras de biscoito adicionadas de óleo de buriti foram bem aceitas, mesmo conservando o sabor original das formulações, ou seja, sem adição de essências ou sabores familiares que pudessem influenciar o sabor e o aroma dos produtos desenvolvidos”, diz trecho do documento.

O estudo foi feito pelos pesquisadores Jailane de Souza Aquino, Débora Catarine Nepomuceno de Pontes Pessoa, Carlos Eduardo Vasconcelos de Oliveira, José Marcelino Oliveira Cavalheiro e Tânia Lúcia Montenegro Stamford, das universidades federais da Paraíba (UFPB) e de Pernambuco (UFPE).

CAGAITA

Encontrado de setembro a novembro, a cagaita tem uma polpa rica em vitamina B2 e pode ser usado para fazer geleias, doces, sorvetes, mousses, molhos e sucos.

“É um fruto com teor significativo de fibras alimentares, vitaminas, minerais e baixo valor energético”, dizem Amanda e Schmiele.

CUMBARU

Chamado também de baru, o cumbaru frutifica de julho a setembro. “A amêndoa é rica em lipídeos , com grande quantidade de gorduras insaturadas e de importância para o consumo humano, pois reduz os níveis de LDL do colesterol”, citam Amanda e Schmiele no estudo.

Ele pode ser encontrado no Mercado Municipal Antônio Valente, o Mercadão Municipal de Campo Grande. “Tem quem procure aqui porque diz que é afrodisíaco”, diz a comerciante Emiko Utinoi.

GUAVIRA

Também conhecido como guabiroba ou gabiroba, a guavira tem sabor e pode ser consumido ao natural ou na forma de sucos. Pode ser encontrado de novembro a janeiro.

“A guavira possui alto teor de umidade e baixa quantidade de lipídeos, resultando em baixo valor energético, de aproximadamente 47 kcal em 100 g de polpa, além de possuir considerável teor de ácido cítrico”, explicam os pesquisadores.

A casca da árvore pode ser encontrada também no Mercadão. “Serve para dores reumáticas, retenção de líquido e anti-inflamatório”, cita a vendedora Larissa Miranda.

Desde 2017, a guavira é considerada fruta símbolo de Mato Grosso do Sul. Bonito, cidade no oeste do Estado, realiza um festival anual para celebrar essa “frutinha do mato”.  

O Festival da Guavira ocorre em dezembro e além das atrações culturais, oferece  degustação do fruto e também pratos a base de guavira, como musse e pinga de guavira.

INGÁ

Encontrado de fevereiro a abril, o ingá é fruto com sabor doce. Também conhecido ser consumido naturalmente ou em forma de doces, geleias, licores e até mesmo suco.

JATOBÁ

Rico em cobre e magnésio, o jatobá frutifica entre junho e agosto. Sua “polpa” tem sabor doce e tem aspecto fibroso e farináceo. Tem alto valor calórico e pode ser consumido naturalmente.

“[A casca] É usada como expectorante, para tosse e para asma”, lembra a vendedora Larissa Miranda.

MANGABA

Também chamada de mangava, a mangava pode ser encontrada de outubro a dezembro. “Também serve como expectorante e dor nas juntas”, cita a vendedora.

Já os pesquisadores destacam sua riqueza de nutrientes.

“Trata-se de um fruto de alto valor nutricional, com quantidades significativas de pró-vitamina A e as vitaminas B1, B2 e C, e minerais, como ferro, fósforo e cálcio”, explicam Amanda e Schmiele.

Eles prosseguem citando a alta concentração de proteínas, mais do que frutas comuns.

“O teor de proteínas da mangaba é superior ao encontrado na maioria das frutas comercializadas, sendo que, em 100 gramas de polpa, encontra-se, em média, 0,7 g de proteínas”, apontam.

PEQUI

Com seu período de frutificação indo de dezembro a fevereiro, o pequi é encontrado na maior parte do Cerrado.

“A polpa é rica em lipídeos e fibras alimentares, como pectina e hemicelulose”, destacam os estudiosos. Eles prosseguem apontando as propriedades da amêndoa.

“O óleo da amêndoa apresenta elevado teor de ácidos graxos poli-insaturados e ácidos graxos essenciais, além de compostos bioativos com efeito benéfico sobre indução do processo oxidativo desencadeado por radicais livres, proteção hepatotóxica e ação anti-inflamatória”, complementam.

Sua aplicação na gastronomia é bastante variada, segundo o estudo.

“O pequi possui sabor único, podendo ser utilizado em produtos como licores, doces, conservas de frutas, cozido com arroz, adicionado ao hambúrguer, além da extração de óleo, obtido a partir da sua polpa ou amêndoa, para aplicação na agroindústria ou indústria de alimentos”, exemplificam.

TARUMÃ

O tarumã pode ser encontrado de setembro a novembro e sua polpa é rica em cálcio, sódio, magnésio, potássio e fósforo, além da vitamina C.

TUCUM

Chamado também de tucum-branco ou tucum-azedo, pode ser consumido naturalmente ou na forma de sucos e doces.

ASSINE o Correio do Estado.