O milho segunda safra 2019/2020 apresentou resultado acima da média esperada mesmo diante das intempéries climáticas. O plantio da cultura foi realizado mais tarde, em razão do atraso na semeadura da soja, sofreu com geada, estiagem e, por fim, excesso de chuvas.
Mesmo assim, a produtividade será acima do estimado. De acordo com a Associação dos Produtores de Soja e Milho de MS (Aprosoja-MS), a safrinha deve chegar a 9 milhões de toneladas.
O presidente da Aprosoja, André Dobashi, explicou que a colheita será finalizada nos próximos dias e as estimativas elevam a produtividade, estimada em 76 sacas por hectare.
“A região norte já finalizou a colheita. Estamos terminando na região sul e fronteira. Inicialmente, a Aprosoja estimou 72 sacas por hectare, por causa da previsão de geadas, granizo, etc. Depois atualizamos para cima [76 sc/ha], e agora acreditamos que deve ser maior. A estimativa é chegar a 9 milhões de toneladas colhidas”, considerou, ressaltando que a estimativa era de colher 8,650 milhões de toneladas de milho.
Entre as mudanças de cenário neste ciclo do milho safrinha houve ainda a redução de área plantada.
Segundo o boletim técnico do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga-MS), a área plantada com milho em Mato Grosso do Sul está confirmada em 1,895 milhão de hectares, redução de 12,79% quando comparada com a área da safra 2018/2019, que foi de 2,173 milhões de hectares.
CLIMA
O clima prejudicou as lavouras desde o plantio até a colheita. Com o atraso na colheita da soja, a maior parte das lavouras de milho foi semeada após a janela mais indicada.
“Enfrentamos a estiagem na época do plantio e as geadas, vendaval e chuva de granizo no período de desenvolvimento”, explicou Dobashi.
A estimativa é que as últimas áreas com milho sejam colhidas até dia 18 de setembro. A colheita já chega a 92%, segundo o presidente da Aprosoja.
“Nos últimos 10 dias a colheita deu um salto, porque esquentou à noite, o milho perdeu umidade e se consegue dar marcha no trabalho. Na região Sul, que estava com esse problema da temperatura, tivemos uma correria grande de seis, sete dias em que foi possível entrar mais cedo na lavoura e sair mais tarde”.
Segundo levantamento realizado pela Granos Corretora, 56,30% da safrinha foi comercializada. As cotações do milho no mercado interno seguem evoluindo, pressionadas pela escassa entrada de novos volumes.
O preço médio do mês de setembro foi cotado a R$ 47,88, avanço de 75,43% quando comparado ao mesmo mês do ano passado, quando a saca foi cotada a R$ 27,29/sc.
“É importante ressaltar que a maior parte do milho foi comercializada nessa média de R$ 28, porque o produtor comercializou 60% da produção no mercado futuro”, frisou Dobashi.
SOJA
A safra de soja 2019/2020 teve resultado recorde na colheita. A oleaginosa chegou a 11,325 milhões de toneladas e 3,389 milhões de hectares de área plantada, enquanto na safra anterior foram produzidas 9,9 milhões de toneladas.
De acordo com a Aprosoja, 5% dos produtores plantarão em setembro.
Diferentemente do ano passado, a expectativa é de que as chuvas cheguem antes e a semeadura do grão comece nos primeiros dias de outubro.
“A umidade baixa impede o início do plantio imediatamente. Os produtores devem começar a plantar no fim de setembro, mas é mais provável que dia 9 de outubro comece de fato”, explicou o presidente da Aprosoja, que destacou que a situação está um pouco distinta do ano anterior.
“O cenário é parecido, mas no ano passado tivemos julho, agosto e setembro de estiagem. Este ano tivemos dez dias de chuvas intensas em agosto, o que ameniza o cenário. O que sabemos é que a área de soja será ampliada; teremos um aumento de 7% em área plantada, sempre expandindo em áreas já degradadas”, destacou Dobashi.
A maior concentração de chuvas no Estado está prevista para outubro, mas em setembro serão registradas precipitações.
“O calor foi muito grande na safra passada, mas este ano não temos previsão para tanto calor. Tudo aponta para um início de primavera menos quente, e isso nos mostra que o processo de instalação da soja deve ser mais tranquilo”, explica o agrometeorologista Celso Oliveira, da Somar Meteorologia.
Conforme já noticiado pelo Correio do Estado, o setor produtivo como um todo está otimista. De acordo com o superintendente da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Rogério Beretta, a expectativa é de uma supersafra.
“A gente tem dados de abertura de áreas de pastagens se transformando em áreas de agricultura, que indicam que teremos novamente um acréscimo na área plantada em cima de áreas degradadas. Temos a previsão climática que é favorável e a adoção de tecnologias e do momento que os grãos vivem no cenário mundial. A expectativa do governo do Estado também é de recorde na safra 2020/2021”, informou.
VAZIO SANITÁRIO
Termina nesta terça-feira (15) o período de vazio sanitário da soja. Entre 15 de junho e 15 de setembro, produtores do Estado ficaram proibidos de plantar soja.
O intervalo de 90 dias serve para evitar a incidência da ferrugem asiática nas lavouras.