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CRISE HÍDRICA Para garantir abastecimento na Capital, Águas Guarirobas recorre a balneário Prazo para concessionária explicar operação de retirada de água de outra fonte termina hoje 17 SET 2020 • POR Eduardo Miranda, Marcos Pierry • 09h00

Mesmo sem saber, milhares de moradores de Campo Grande estão utilizando a água do Balneário Atlântico para o consumo diário. 

O longo período de estiagem tem reduzido, cada vez mais, o volume hídrico dos mananciais e reservas operados pela concessionária Águas Guariroba. 

A solução encontrada foi captar água do balneário, uma das principais opções de lazer para os dias quentes antes da pandemia, e fazer o transporte até as estações de tratamento.

O Correio do Estado esteve no local e constatou a estrutura montada para socorrer a cidade após o agravamento na crise de abastecimento, que já atinge diretamente pelo menos 20% da população – mais de 160 mil pessoas. 

Além de dezenas de trabalhadores, há banheiros químicos, bombas de drenagem e outros equipamentos.  

Na estrada de acesso ao balneário, a 50 metros de distância do lago, carros-pipa fazem fila até serem abastecidos com a água levada por mangueiras de longa extensão. 

A capacidade total de toda a frota mobilizada na operação – em torno de 50 caminhões – é de um milhão de litros.

O plano B adotado pela Águas Guariroba para não deixar Campo Grande sem o líquido, embora se apresente como a salvação do momento para a cidade sair do sufoco, joga luzes sobre as dificuldades que a concessionária tem encontrado para cumprir suas obrigações contratuais de prestação de serviços – fornecimento e tratamento dos recursos hídricos – junto ao poder público municipal e à população: interrupções constantes para manutenções de emergência no sistema, reclamações de moradores de diversas regiões e seguidos questionamentos da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg).

Nesta semana, o Correio do Estado constatou que a barragem do Córrego Lageado, uma das captações de água da cidade, praticamente secou.  

LICENÇA

Para captação de água no Balneário Atlântico, é necessário que a concessionária obtenha uma licença do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) e forneça condições de trabalho adequadas a suas equipes. 

Procurada pelo Correio do Estado, a Águas Guariroba afirma, em nota, que não há possibilidade de racionamento de água em Campo Grande e confirma a extração no balneário Atlântico com o devido conhecimento do Imasul.  

“As ações para garantir a segurança operacional durante o período crítico de calor e estiagem”, diz o comunicado, “incluem, de forma temporária, novas fontes de captação de água e utilização de transporte por caminhão-pipa até a Estação de Tratamento de Água (ETA) Guariroba, sendo deliberado por lei em situações de emergência”.

No ano passado, a Águas Guariroba realizou operação semelhante no Balneário Atlântico, porém, a mobilização de caminhões foi bem menor que nos dias atuais.  

PRAZO

A Agereg está averiguando a situação sob acompanhamento do prefeito Marcos Trad. 

“Conforme determina o contrato, a agência deve dar prazo à concessionária para apresentação do contraditório. Se essas respostas forem inverdadeiras, iremos recorrer à Justiça. A agência deu 24 horas, o menor prazo permitido, para que eles respondam”, afirma Trad.

A concessionária ressalta que, além do clima, a ocorrência de fatores externos como queimadas, oscilações de energia e furtos de cabos nas estações também podem afetar as operações. E informa que tem emitido alertas de pedido de consumo consciente e trabalhado em melhorias e reforços no sistema.