Proprietários do entorno do Balneário Atlântico estão preocupados com a queda de 4,5 metros no nível do lago desde o início da Operação Balneário.
Com isso, eles planejam impedir o acesso dos caminhões a serviço da Águas Guariroba a partir deste sábado (3).
“Vamos parar os carros na estrada [de acesso ao balneário] e só vão passar [os caminhões] com decisão judicial”, afirma o advogado Rogério Novais Dantas, morador da região, que vê a queda do nível da água desde o começo da operação.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos do Estado de Mato Grosso do Sul (Sindágua-MS), a operação está de pé desde o dia 6 de setembro.
Desde então, a concessionária pausou a captação na semana passada e foi retomada nesta segunda-feira (28).
Conforme já noticiado pelo Correio do Estado, a capacidade de transporte dos caminhões-pipa é de 1 milhão de litros de água por dia.
Segundo outro propietário, o empresário Naim Ibrahim, que reside no local há 2 anos, mas tem a propriedade há 24 anos, a empresa enche cerca de seis caminhões-pipa por vez e, desde a última terça-feira, a retirada tem sido mais intensa.
“Com a matéria do Correio do Estado, a concessionária parou por três dias, mas voltou na terça com tudo. É 24 horas de retirando água do lago”, relata.
“É um absurdo, o lago já baixou 4,5 metros, antes eles tiravam o excesso de água, mas agora estão secando ele. O lago está assoreando, a tendência é de matar o lago e toda hora aparece peixe morto”, conta o empresário, que diz ter alertado os donos do balneário e a Águas.
Ibrahim conta que procurou Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) e foi aconselhado a fazer uma queixa pela internet.
“Fui em todos os órgãos possíveis, e não tive uma ajuda sequer. Eles não estão nem preocupados”, acrescenta.
RESPOSTA
Em nota sobre a extração de água no local, a Águas Guariroba afirmou que a captação foi comunicada ao Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), sendo respaldada por Resolução do Conselho Estadual de Recursos Hídricos.
A empresa também assegura que a iniciativa não requer autorização. “Por se tratar de uma ação isolada e temporária, não se enquadra como objeto de licenciamento”, diz o comunicado.
Os dois proprietários acreditam que o protesto é a única forma de chamar atenção para o problema.
“Esgotamos todas as vias legais”, afirma o advogado Rogério Dantas. Naim é mais duro e sentencia: “o [lago] Lajeado já secou e, se continuar assim, aqui vai secar também”.
Ainda de acordo com o empresário, a Polícia Militar Ambiental (PMA) esteve no local para acompanhar os trabalhos e teria informado aos moradores que faria levantamento sobre a situação.
O período de seca e estiagem é a principal justificava do consórcio para a retirada.
“Campo Grande tem registrado neste período de estiagem, temperaturas elevadas com clima seco e baixa umidade, em índices não registrados há mais de 20 anos”.
A companhia ainda afirma que “o consumo aumenta em torno de 15% nesse período, mas este ano já registramos um consumo na ordem de 22% acima da média, considerando o mesmo período do ano passado”.
Em relação à denúncia dos proprietários, a Águas Guariroba afirma que “segue adotando ações para garantir a segurança operacional do abastecimento durante o período crítico de estiagem".
"Estas medidas incluem de forma temporária e de caráter emergencial novas fontes de captação de água e a utilização de transporte por caminhão-pipa até a Estação de Tratamento de Água (ETA) Guariroba, sendo deliberado por lei em situações de emergência”, disse em nota.