Mato Grosso do Sul já está preparado para receber e distribuir as doses de uma futura vacina contra a Covid-19.
Segundo a secretária-adjunta da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Crhistinne Maymone, o Estado tem hoje 597 salas de imunização e todas estão aptas a receber os medicamentos e iniciar as aplicações.
“Se hoje fosse liberada alguma vacina pela Anvisa e adquirida pelo Ministério da Saúde, nós teríamos plenas condições de startar um processo de imunização nas nossas 597 salas de vacinação no Estado e estamos vendo a possibilidade de ampliação para mais 43”, declarou Maymone.
Segundo a secretária-adjunta, ontem ela esteve em reunião com o setor de imunização da pasta para tratar sobre esse assunto e lhe foi garantido que a logística no Estado está pronta para receber as doses, quando este tiver aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
“Estamos muito próximos de conseguir essa vacina, seja ela de qual laboratório for, e a partir de o momento que tiver esse imunizante aprovado e o Ministério da Saúde adquirir o medicamento estamos pronto”, salientou.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Em audiência pública na comissão mista do Congresso sobre as ações contra a Covid-19, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse ontem que a previsão é que o Brasil receba 15 milhões de doses de vacina contra a doença em janeiro e fevereiro de 2021.
Este número pode chegar a 100 milhões no primeiro semestre e a 160 milhões a mais no segundo semestre do próximo ano.
O Ministério da Saúde já tem contrato para a compra de vacinas da Oxford, mas não descartou os outros imunizantes em teste no Brasil.
E ontem Câmara Federal aprovou medida provisória que abre crédito extraordinário de R$ 1,9 bilhão para viabilizar a compra, processamento e distribuição de 100 milhões de doses de vacina contra a Covid-19.
O recurso será destinado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para a vacina do laboratório britânico AstraZeneca e a Universidade de Oxford.
Há também um acordo multilateral com a Covax Facility, no valor de R$ 2,5 bilhões, cujos recursos estão encaminhados por meio de medida provisória. Segundo Pazuello, isso possibilitará a produção de vacinas de maneira autônoma no país a partir do segundo semestre de 2021.
Em Mato Grosso do Sul, segundo Maymone, ainda não há estimativa de quantos profissionais atuarão nessas imunizações, porque dependerá de quantos pessoas estarão nos grupos prioritários que serão definidos pelo Ministério.
“Estamos muito esperançosos de que possamos ter uma vacina logo, a expectativa é de que em 15 dias já haja uma liberação da Anvisa. No Estado, se for necessário, podemos usar servidores de outros órgãos para nos ajudar na imunização, isso não será problema”.
PRIORIDADE
Segundo o Ministério da Saúde, a vacinação deve ocorrer em quatro fases, obedecendo a critérios logísticos de recebimento e distribuição das doses.
As fases desenhadas priorizam grupos, que levam em conta informações sobre nuances epidemiológicas da Covid-19 entre os brasileiros, bem como comorbidades e dados populacionais.
Na primeira fase devem entrar trabalhadores da saúde, população idosa a partir dos 75 anos de idade, pessoas com 60 anos ou mais que vivem em instituições como asilos e hospitais psiquiátricos, e população indígena.
Em um segundo momento, entram pessoas de 60 a 74 anos. A terceira fase prevê a imunização de pessoas com comorbidades que apresentam maior chance para agravamento da doença (como portadores de doenças renais crônicas, cardiovasculares, entre outras).
A quarta e última fase deve abranger professores, forças de segurança e salvamento, funcionários do sistema prisional e população privada de liberdade.
Privadas devem receber as doses depois do SUS
A rede privada de saúde ainda não possui previsão para compra de qualquer vacina para o Covid-19, pois a prioridade será atender o Sistema Único de Saúde (SUS).
As informações são do Centro de Imunização, Imunitá, membro da Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVAC), representante de clínicas privadas do Brasil.
O Centro destaca que ainda não há previsão de abastecimento do mercado privado de imunização. No entanto, já foram realizados contatos com todos os fabricantes das vacinas contra Covid-19 que estão em pesquisa no país.
Segundo a Unimed Campo Grande, o hospital segue as normas e determinações do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Em relação às vacinas, a Unidade relata que ainda não determinaram se as vacinas contra a Covid-19 entrarão no rol de procedimentos obrigatórios Operadoras de Planos De Saúde.
A Santa Casa afirmou que a linha privada e de Plano de Saúde Prontomed, podem adquirir as vacinas contra a doença, porém estas ainda não foram solicitadas e não tem uma previsão para ser feita.
A clínica de vacinação de Campo Grande, Vacinni, e a Cassems foram contatados pelo jornal Correio do Estado, no entanto, não apresentaram resposta até o fechamento da edição.
VACINAS
Os testes da vacina chinesa Coronavac em Campo Grande estão em fase de conclusão. De acordo com a pesquisadora, Ana Lúcia Lyrio, a primeira dose da vacina foi aplicada em 212 voluntários e a segunda em 70 pessoas.
“Temos uma porcentagem que está testando agora para ver se desenvolveu a imunogenicidade relação a vacina”.
Os estudos já foram encaminhados para uma agência independente para verificação da eficácia da vacina, explica a pesquisadora. Caso seja comprovado a eficiência da Coronavac, os estudos serão encerrados e haverá apenas o acompanhamento dos imunizados.
“Os placebos posteriormente após o registro serão chamados para tomar a vacina. Nós precisamos ainda de voluntários, temos em torno de dez dias para isso e o que nós podemos afirmar é que até agora não tivemos reações adversas importantes”, relata.
A vacina BCG, produzida para imunizar contra a tuberculose, é testada em Campo Grande como possível imunizante contra o Coronavírus.
Em Campo Grande, a pesquisa é desenvolvida pelo pesquisador Julio Croda, professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), que relata que mais de 600 voluntários já receberam a vacina.
Outra vacina que iniciaria os testes no Estado é do laboratório belga Janssen-Cliag, unidade farmacêutica da Johnson & Johnson.
A empresa comunicou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a interrupção temporária do estudo clínico devido a um evento adverso grave ocorrido com um voluntário do exterior.
A Anvisa autorizou o retorno dos testes em novembro, mas em Campo Grande os estudos ainda não foram iniciados.