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COVID-19 Advogado de Mato Grosso do Sul vai ao CNJ contra juíza mineira que defende aglomerações "Inconsequente", disse José Belga Trad sobre magistrada de Minas Gerais que defendeu aglomerações em plena pandemia 4 JAN 2021 • POR Eduardo Miranda • 18h39

O advogado campo-grandense José Belga Trad representou no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra a juíza Ludmila Lins Grilo, da Vara Criminal e da Infância e da Juventude de Unaí (MG), por publicações dela nas redes sociais, em defesa de festas onde há aglomeração de pessoas.  

José Belga Trad alega que a magistrada cometeu infração ético-disciplinar quando se manifestou contra as recomendações das autoridades sanitárias. A representação foi protocolada no sábado (2).  

As punições previstas na representação feita por Belga Trad contra a juíza, caso sejam aceitas pelo Conselho Nacional de Justiça, vão desde uma simples advertência, a aposentadoria com vencimentos proporcionais ao período de contribuição.

“Eu penso que ela não foi moderada, tampouco guardou o decoro e o respeito aos doentes, às vítimas e familiares, ao incentivar e exaltar aglomerações, num momento em que a epidemia está em franco crescimento. Tampouco foi respeitosa com o Judiciário, que desde o início da pandemia não está funcionando com a sua plena capacidade, em prejuízo até da atividade jurisdicional, justamente para seguir as recomendações sanitárias de distanciamento”, alega José Belga.  

A juíza mineira usou seu perfil no Twitter durante viagem a Búzios, e publicou fotografias impulsionando a hashtag #AglomeraBrasil ao defender eventos com aglomeração de pessoas, mesmo em meio à escalada da pandemia.

Nas postagens, Ludmila Lins Grilo chega afirmar que a cidade fluminense não se entregou “docilmente ao medo, histeria ou depressão”, e complementou afirmando que o município de Búzios resiste à “estupidez”. 

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“Inconsequência”

José Belga Tad, em sua representação, ainda argumenta que as unidades judiciárias devem zelar pela observância das orientações dos órgãos de saúde, especialmente o distanciamento físico, enquanto na outra ponta, a juíza incentivava as aglomerações.  

“Eu penso que as manifestações inconsequentes e irresponsáveis dela depõem contra a seriedade do Poder Judiciário”, disparou o advogado.  

Belga Trad também lembra que, além do prejuízo à saúde e à vida da população, a pandemia também prejudicou o andamento dos processos no Poder Judiciário.  

“Eu como advogado tive inúmeras audiências que já estavam marcadas desde muito antes da pandemia canceladas. Isso causou atraso aos processos, mas acho que foi uma contingência da pandemia e o Judiciário agiu corretamente ao cancelá-las”, disse.

O advogado campo-grandense afirmou que, diante de todo este contexto, resolveu agir. “Quando eu vi a manifestação dela, incentivando aglomerações (...) eu vi nisso um grande desserviço ao Judiciário e à sociedade e tomei a providência que estava ao meu alcance”, concluiu.

Em dezembro, a Justiça do Rio chegou a proibir a entrada de turistas, o acesso às praias e a circulação de táxis, carros de aplicativo e ônibus intermunicipais em Búzios na tentativa de evitar a disseminação do novo coronavírus no período de festas de fim de ano, quando o fluxo de viajantes na região é mais intenso. A liminar acabou derrubada pelo presidente do Tribunal de Justiça do Rio, Cláudio de Mello Tavares.

A reportagem entrou em contato com a juíza através do seu perfil na rede social, com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais e com a Vara Criminal e da Infância e da Juventude de Unaí, mas não recebeu uma resposta até a publicação desta matéria. O espaço permanece aberto a manifestações. (Com Estadão Conteúdo)

Consequências

Especialistas temem que, por causa das festas de fim de ano, o número de casos e, consequentemente, de internações, aumente.  

Desde o início da pandemia, foram 7,7 milhões de casos no Brasil, e 196.018 mortes.  

Em Mato Grosso do Sul, somente nesta segunda-feira (4), foram contabilizadas 26 novas mortes. Há 566 pessoas hospitalizadas com a Covid-19, 286 em leitos de UTI.  

Em Campo Grande, a ocupação de leitos de UTI é de 99%.  

Em todo o Estado, o coronavírus já infectou 136.250 pessoas, sendo o mês de dezembro foi o com maior número de infecções: 34.700.  

A doença matou 2.398 em MS, sendo que dezembro foi o mês mais letal, com 563 vítimas.