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saúde Medir temperatura pelo pulso não garante eficácia contra coronavírus, diz especialista Professor explica que temperatura do pulso é cerca de 3°C inferior à da testa e, portanto, não deve ser usado para detectar estado febril 7 MAR 2021 • POR Gabrielle Tavares • 12h36

Medir a temperatura se tornou um dos protocolos contra a Covid-19, já que a febre é um dos sintomas da doença. Recentemente, ondas de fake news dizendo que medir temperatura pela testa faz mal para a glândula pineal, localizada no centro do cérebro, se espalharam de tal forma que é raro encontrar estabelecimentos em Campo Grande que ainda usam o aparelho da forma correta, na testa.

O professor de física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Fernando Lang publicou um artigo onde aponta que a temperatura do pulso é cerca de 3°C inferior à da testa e, portanto, não deve ser usado para detectar estado febril.

Lang lembra que os próprios fabricantes indicam que o lugar adequado para a medida da temperatura corporal é a testa. “Não é para menos que o costume de avós é avaliar a febre tocando com a mão na testa das crianças, evitando o pulso ou outras regiões notoriamente mais frias do corpo humano”, apontou.

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“Os monitoramentos de temperatura em entradas de shoppings, lojas, etc., apenas servem como um simulacro de que medidas sanitárias estão sendo tomadas. Além de essas ‘medidas’ realizadas de forma inadequada serem inócuas para a detecção de estados febris, produzem uma sensação de falsa segurança para os frequentadores desses locais”, completou.

A glândula pineal está localizada no epitálamo, perto do centro do cérebro. Ela libera melatonina, importante hormônio indutor do sono. Quando os raios solares acabam a glândula começa a sinalizar ao cérebro que está na hora de dormir. O professor explica que o laser do termômetro não afeta esta glândula.  

Todo corpo humano emite radiação térmica. A medição da temperatura com um termômetro infravermelho, capaz de analisar a temperatura a distância, é possível porque ele apenas recebe a radiação infravermelha emitida pelo próprio corpo.

Os lasers utilizados nos aparelhos só indicam a região da superfície que está sendo analisada, nem todos os termômetros possuem esse laser e, mesmo os que possuem, podem ser desligados sem prejuízo da medida.  

Portanto, quando o termômetro infravermelho é apontado para a testa de uma pessoa, com ou sem o laser, nada sai do termômetro. Na verdade, a ação é oposta, a radiação infravermelha (radiação térmica) do corpo humano é captada pelo termômetro e analisada, resultando em uma medida da temperatura.

A medição pela testa não oferece risco à saúde, pelo contrário, garante que pessoas em estados febris não circulem em ambientes com mais indivíduos, contribuindo para a diminuição do contágio do coronavírus.

Temperaturas

A temperatura normal do corpo humano é de 37°C, ela é considerada elevada quando é superior a 38°C.

Quando despenca para 35 º C, ou menos, há impactos fisiológicos, entre eles a diminuição do ritmo cardíaco e o abrandamento dos processos neurológicos.

Se o termômetro apontado ao pulso indicar 35°C, ou menos, é indicativo que a medição está incorreta. Mas se a medição foi feita pela testa, e marcar estes números, a pessoa pode estar com hipotermia.

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