A descoberta de onças mortas no Pantanal sul-mato-grossense por possível envenenamento por agrotóxicos mobilizou entidades de proteção da vida animal que atuam em Mato Grosso do Sul.
A Panthera, entidade fundada em 2014 para a preservação dos felinos selvagens brasileiros, pretende realizar estudos na região e acompanhar a investigação do IBAMA e da Polícia Federal no caso.
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No começo de maio deste ano uma onça monitorada pelo Instituto Reprodução para Conservação foi encontrada morta junto com um macho da mesma espécie.
Na região os pesquisadores encontraram diversas carcaças de outros animais mortos. A suspeita de envenenamento por agrotóxico é a mesma provável, já que até as moscas no local foram mortas.
De acordo com o presidente da Panthera no Brasil, Leonardo Avelino Duarte, a entidade irá acompanhar a investigação e também monitorar outras regiões do Brasil onde possa haver eventos semelhantes e determinar a causa especifica das mortas.
“Se for o caso de agrotóxicos iremos fazer o levantamento das regiões onde houve mortes semelhantes e cobrar, judicialmente inclusive, providências dos órgãos de controle”, explicou Leonardo.
A onça-pintada é o maior felino das Américas o terceiro maior do mundo, atrás apenas do tigre e do leão. É uma das espécies símbolo do Brasil e uma das mais ameaçadas. Há estimativa do RECN (Rede de Especialistas em Conservação da Natureza) que menos de mil onças vivam no Pantanal.
Segundo Leonardo Duarte, a espécie no Pantanal está na categoria “vulnerável”, quando a situação de extinção pode se agravar.
“As mortes de onças no Pantanal se devem por retaliação (mortes em fazendas, por exemplo) e caça ilegal aliadas ao avanço da agropecuária. Se os agrotóxicos de plantações também estiverem nessa equação logo teremos a extinção das onças no Pantanal”, alerta.
Preservação das espécies em MS
Além da Panthera, o site Biofaces, que reúne os principais projetos de pesquisa e preservação animal do País, também estuda ações para o caso das mortes das onças em Corumbá.
Recentemente, o Biofaces patrocinou ações judiciais para que o Governo do Estado suspendesse obras em rodovias sem a devida proteção à fauna da região.
Em ação, foi solicitado ao Ministério Público a intervenção nos processos de licitações de obras nas rodovias MS-382 e MS-477.
Estudos realizados pelas entidades apontam que a realização das obras pode gerar uma grande mortandade da fauna local, além de aumentar exponencialmente a probabilidade de graves acidentes envolvendo motoristas e animais silvestres.
Na ação, foi citado que estudo realizado pela ICAS (Instituto de Conservação de Animais Silvestres) em parceria com o INCAB/IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas) aponta que nos 224 km da rodovia MS-040, entre Campo Grande a Santa Rita do Pardo, foram registradas 1.924 mortes de animais silvestres no período de fevereiro de 2017 e janeiro de 2020.