Logo Correio do Estado

CULTURA Conheça o chamamé, novo bem imaterial de Mato Grosso do Sul O chamamé nasceu em Corrientes, na Argentina, e introdução no Estado é atribuído à dupla Amambai e Amambay 1 JUL 2021 • POR Glaucea Vaccari • 10h45

O chamamé foi decretado como bem de natureza imaterial de Mato Grosso do Sul nessa quarta-feira (30).

Conforme o decreto, o chamamé será registrado no Livro de Registro dos Saberes, no qual são inscritos conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades.

O estilo musical tem um papel importante na cultura de Mato Grosso do Sul e faz parte da construção da identidade do Estado, segundo a Fundação de Cultura (FCMS).

Últimas notícias

Histórico

De acordo com registros históricos, o chamamé nasceu em Corrientes, na Argentina, e chegou ao Mato Grosso do Sul (que na época ainda era Mato Grosso) na primeira metade do século XX, trazido por imigrantes tanto correntinos quanto paraguaios.

O presidente do Instituto Cultural Chamamé MS, Orivaldo Mengual, explica que o gênero musical está enraizado nas tradições sul-mato-grossenses.

“Ele tem antecedentes históricos que remontam ao intenso processo migratório verificado no século XIX, tendo como epicentro a Guerra do Paraguai e na sequência, e o ciclo da ‘erva mate’, protagonizados por incontáveis caravanas de carretas boiadeiras vindouras do norte da Argentina, especialmente da Província de Corrientes”, explicou.

Ao som da sanfona, o chamamé caiu no gosto do povo ao ser tocado, principalmente, em festas populares no Estado e logo se formaram conjuntos típicos.

O presidente da Fundação de Cultura do MS, Gustavo Cegonha, lembra que um dos primeiros músicos locais que popularizaram o chamamé foi o Zé Corrêa, que acompanhava Délio e Delinha nas apresentações de rasqueado.

Considerado o Rei do Chamamé, o músico morreu em 1974, mas deixou um legado de músicas que já foram regravadas por inúmeros artistas. 

No entanto, o mérito da introdução do chamamé no Estado, de acordo com Cegonha, é atribuído a dupla Amambai e Amambay.

Outros artistas são considerados expoentes da arte chamamezeira no Estado, como Helinho do Bandaneon, Dino Rocha, Maciel Correa, Zezinho Nantes, Humbertinho Yule, dentre outros.

Ainda segundo Gustavo, ao lado da polca paraguaia, guarânia e do rasqueado sul-mato-grossense, o chamamé é um dos estilos musicais símbolos do Estado

Orivaldo Mengual ressalta que o sistema de representação cultural do chamamé inclui também a dança de salão, o hábito de tomar o tereré e a degustação de iguarias como a sopa paraguaia e a chipa.

“Consumimos e distribuímos cultura que ultrapassa nossas fronteiras e é comum a outros países”, destacou o presidente do Instituto Cultural Chamamé.

“Por toda essa história ligada ao nosso Estado, considero o decreto um justo reconhecimento do papel do chamamé na cultura sul-mato-grossense”, finalizou o presidente a FCMS.

Bem imaterial

Em 2017, a pedido do Instituto Cultural Chamamé e por decisão do Conselho Estadual de Cultura, o chamamé foi oficialmente declarado pela Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul “Patrimônio Cultural Imaterial do Estado”.

No Mercosul ele também já foi declarado “Patrimônio Cultural” e também foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.

O Dia Estadual do Chamamé é comemorado em 19 de setembro. A data foi escolhida 

A escolha do dia 19 de setembro como o Dia do Chamamé decorre ao atendimento de que na Província de Corrientes é comemorado na mesma data, devido ao falecimento de Mario del Tránsito Cocomarola, considerado ícone do chamamé.

https://player.vimeo.com/external/569870705.sd.mp4?s=888706a48430fa23d51db893c7d51ceb2335c2a3&profile_id=164&oauth2_token_id=1289434942