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CAMPO GRANDE 122 ANOS Cidade em duas rodas: em quatro anos, Campo Grande teve aumento de 11% em ciclovias Com cada vez mais adeptos das pedaladas, a estrutura de Campo Grande favorece a adesão ao transporte por bicicletas 26 AGO 2021 • POR Mariana Moreira • 10h27

De lazer a meio de transporte, a cultura das bicicletas se consolida cada vez mais em Campo Grande. 

Dados da prefeitura da Capital apontam que, entre os anos de 2017 e 2021, houve um crescimento de 10.414 km de malha cicloviária, o que corresponde a 11% da malha existente.

A maior rota dedicada às bicicletas encontra-se na Avenida Afonso Pena, com 8,3 km de ciclovia. 

Com 91,2 km de ciclofaixas, Campo Grande deve, nos próximos anos, fortalecer ainda mais sua relação com o transporte em duas rodas, por meio da implementação de bicicletários nos terminais de transporte público e de novos projetos para a expansão da malha cicloviária.  

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De acordo com o secretário municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, Rudi Fioresi, a estrutura de Campo Grande favorece a adesão ao transporte por bicicletas. 

“A gente vê muitas cidades que já estão mais à frente, principalmente fora do Brasil, que já investiram muito na malha cicloviária, mas nós temos uma topografia na nossa cidade que favorece isso, nós não temos morros, grandes subidas ou descidas, é uma cidade mais plana, então a topografia contribui para que as pessoas usem a bicicleta para se locomover, seja para o trabalho, seja como passeio ou lazer”, destacou.

Para Pedro Dias Garcia, representante do Coletivo Bici Nos Planos CG, a pandemia de Covid-19 foi responsável por uma maior adesão ao uso de bicicletas na Capital. 

“Nós temos um transporte público ineficiente, que possui poucos ônibus e não atende a população. Fora o medo de contágio que existe ao usar o ônibus, além da questão do aumento da gasolina. Todos esses fatores foram responsáveis, por exemplo, pelas vendas de bicicletas aumentarem 50% em 2020”, destacou.  

Garcia destacou ainda que, para fortalecer o uso das bicicletas em Campo Grande, é preciso investimento na segurança de pedestres e de ciclistas, para que o município torne-se referência em trânsito seguro para todos. 

“As grandes cidades investem em transporte ativo, no caso de pedestres, bicicletas, skates e patinetes. Se houvesse uma educação forte no trânsito, poderíamos chegar ao patamar, por exemplo, de Amsterdã, onde os ciclistas trafegam pela cidade sem precisarem de uma via própria, esse é o nosso sonho utópico”, disse. 

Perfil dos ciclistas

O coletivo Bici nos Planos CG, que surgiu em 2018 com o objetivo de criar políticas públicas para tornar a bicicleta um meio de transporte seguro no trânsito de Campo Grande, traçou um perfil dos adeptos à bike na Capital. 

Conforme o levantamento, em 35,3% dos casos a preocupação com a saúde é o principal motivo para as pedaladas. Em seguida, em 30,7% das respostas, o custo, a rapidez e a praticidade com o veículo impulsionaram a adesão aos pedais. 

Em relação ao gênero, os homens representam 71,2% dos ciclistas, as mulheres 25,8% e 2,9% preferiram não responder.  

Entre os principais destinos, 72,5% dos ciclistas usam a bicicleta para o deslocamento até o trabalho, em 43,8% dos casos para compras e 38,6% para lazer.  

Pedro Garcia enfatizou que uma maior locomoção por bicicleta em Campo Grande trará resultados em diversos campos, da saúde à economia. 

“Por ser uma das capitais brasileiras com maior índice de obesidade, se tivermos uma população que se locomove de forma mais ativa, teremos impactos com menos pessoas doentes precisando do Sistema Único de Saúde, um trânsito mais leve e menos poluído, além de uma vida menos estressante”. 

Futuro

As bicicletas elétricas têm conquistado cada vez mais adeptos no Brasil. De acordo com a Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), ao mesmo tempo em que a pandemia causou retração na economia brasileira de modo geral, houve um aumento expressivo do mercado de bicicletas.  

Para a associação, a bicicleta se tornou uma importante aliada no combate à pandemia, permitindo deslocamentos, atividade física e lazer com segurança sanitária e distanciamento social. 

Apenas no ano passado, o mercado de bicicletas elétricas no País alcançou 32.110 unidades, um crescimento de 28,4% em comparação com 2019.  

Em um cenário conservador, as projeções para este ano são de crescimento de 23%, alcançando 39.500 unidades de bicicletas elétricas no País. 

Já no cenário otimista, as projeções indicam crescimento de 34%, com perspectiva de atingir 43 mil unidades até o fim de 2021.  

Por ora, ainda não há uma regulamentação para as bicicletas elétricas no Brasil. 

No entanto, o Batalhão de Trânsito da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul (BPMTran) orienta que as bicicletas elétricas não equiparadas aos ciclomotores podem circular em ciclovias e em ciclofaixas desde que tenham velocidade máxima de 25 km/h.

Já as bicicletas elétricas equiparadas aos ciclomotores devem respeitar a velocidade regulamentada para a via.