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campo grande Cemitérios viram palco de roubos e tráfico de drogas Situações são frequentes no Santo Antônio e no Santo Amaro, segundo funcionários dos locais 22 SET 2021 • POR Izabela Cavalcanti • 09h00

Os cemitérios públicos de Campo Grande continuam sendo alvos de furtos e tráfico de drogas. Bronze, alumínio, placas de metal, vasos e até estátuas que pesam em torno de 300 quilos têm sido os principais objetos levados pelos bandidos. 

“Estamos tendo muitos roubos nos cemitérios, estamos tendo muitas pessoas drogadas dentro do cemitério. Um caso é no Santo Amaro, lá é complicado, sempre tem que chamar a Guarda [Civil Metropolitana] para tirar gente drogada lá de dentro". 

"Estamos tendo muito problema no Santo Antônio, porque tem muita estátua de bronze. Está bem séria a coisa”, contou ao Correio do Estado uma fonte, que preferiu não se identificar.

Exemplo recente foi a preparação para o furto de uma estátua de Jesus Cristo, no Cemitério Santo Antônio, localizado na Vila Santa Dorotheia.

Uma pessoa da família Korndorfer chegou na segunda-feira (20) para visitar o túmulo de um familiar e percebeu que a escultura havia sido arrancada do local para poder ser levada nos próximos dias. 

Segundo o membro da família, a escultura em bronze custa em torno de R$ 20 mil a R$ 30 mil e foi colocada “deitada” em cima do túmulo.

“É o túmulo de um primo meu. A estátua já estava preparada para ser levada embora, estava arrancada e colocaram deitada. Eu acredito que nos próximos três dias eles levem”, destacou uma pessoa que preferiu se identificar apenas como Luiz.

Ele ainda citou que a família Barbosa, da qual também faz parte, teve itens de bronze roubados.

“Está sendo furtado tudo o que é de bronze, peças que tinham granito. A pessoa que cuida do túmulo entrou em contato, pois estavam arrebentando um vaso de bronze. O muro é baixo, então as pessoas entram tranquilamente”, contou.

De acordo com o encarregado pelo cemitério, Michael Wender, de 32 anos, são dois grupos distintos que praticam vandalismo e furtos.

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Segundo Wender, um grupo quebra capelas e leva itens metálicos e esquadrias, quanto ao outro, há indícios de ser uma quadrilha especializada.

“Enquanto uns vêm para furtar metal para vender para comprar droga, por exemplo, outros vêm atrás de esculturas maiores – há indícios de que se trata de uma quadrilha especializada”, relatou.

Ainda conforme o funcionário do cemitério, desde 2018 até 2021, ocorreram mais de 50 furtos. Somente em 2021, no mínimo, foram 15, com aproximadamente quatro estátuas roubadas.

Quando casos como esse ocorrerem e a família tiver ciência, é preciso acionar a Guarda Civil Metropolitana (GCM) ou até mesmo ir até a polícia para solicitar um boletim de atendimento.

TRÁFICO

No cemitério Santo Amaro não tem sido diferente. Além dos furtos, também existem casos de pessoas usando drogas. No dia 1º, um homem foi preso com um quilo de cocaína e um quilo de maconha.

Segundo o delegado Giuliano Biacio, da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf), o homem continua preso. 

O suspeito foi identificado por meio de denúncias de roubo. “Ele alegou que a droga não era dele e que estaria guardando para um terceiro”. O rapaz foi preso em flagrante.

Além do tráfico, o uso de drogas também é comum nos cemitérios. 

“Os usuários que vêm aqui são moradores de rua e acabam entrando para fumar. A gente deduz que sejam usuário de droga, pois vemos cigarros e cachimbos no chão. Os furtos também ocorrem, tanto em capelas antigas como nas mais novas. Roubam placas de bronze e metal”, disse um funcionário, que preferiu não se identificar.

Em um vídeo enviado ao Correio do Estado, um homem foi encontrado deitado fumando dentro de uma cova.

Um suposto funcionário do cemitério questiona: “Está só fumando ou está usando droga também, fera?”, perguntou.

De dentro da cova, o homem responde que está “fumando”.

Situações como essa também têm sido vistas por moradores próximos do local. 

“Várias vezes já vi pessoas pulando muro, homem sentado no muro e subindo cheiro de maconha, pessoas saindo com mochila suspeita. Dá até medo”, pontuou uma moradora, que também não quis ter o nome revelado.

SEGURANÇA

Para Michael, do Cemitério Santo Antônio, falta mais segurança por parte da GCM.

“Com certeza falta apoio da Guarda Municipal. Quando eles vêm e ficam de plantão após uma denúncia, esses furtos caem bastante”, relatou.

Em resposta, a GCM diz que as fiscalizações ocorrem com rondas e também por pontos-base, ficando fixos em um determinado local. 

A fiscalização fixa no cemitério não ocorre em função da falta de estrutura, como uma guarita para poder abrigar os guardas durante o expediente.

A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) tem como projeto instalar câmeras nos cemitérios, mas depende da viabilização de recursos para que o esboço saia do papel.

Das 7h às 17h, a gestão dos cemitérios fica sob os cuidados da Sisep. À noite e de madrugada, quem toma conta é a Guarda Civil Metropolitana.

Fiscalização se intensifica perto do Dia de Finados

A Guarda Civil Metropolitana (GCM) informou que vai intensificar as rondas perto do Dia de Finados, em 2 de novembro. 

O motivo é que a data traz a movimentação de muitas pessoas, além disso, muito mais itens são recebidos nos túmulos, o que pode contribuir para novos furtos.

Conforme a GCM, a operação começa uma semana antes e termina uma semana depois, sendo usado patrulhamento aéreo com drone, além da presença de mais servidores para poder fazer a prevenção a furtos e roubos e a segurança do local e da região.

Os encarregados dos cemitérios pedem para que, em caso de alguém avistado em atitude suspeita nesses locais, a população entre em contato com a Guarda Civil Metropolitana, pelo número 153.

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