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SAÚDE Aumento da procura por implantes de testosterona para mulheres preocupa médicos Segundo a entidade, faltam dados sobre eficácia e segurança para uso nesses contextos 24 SET 2021 • POR FOLHAPRESS • 23h00

A procura por implantes que contêm testosterona e outros hormônios para mulheres tem preocupado associações médicas e especialistas.

No último dia 8, a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) emitiu nota contra o uso de implantes hormonais para contracepção e reposição hormonal não aprovados pela Anvisa. Segundo a entidade, faltam dados sobre eficácia e segurança para uso nesses contextos.

O ginecologista Rogério Bonassi, da Comissão Nacional Especializada de Anticoncepção da Febrasgo, afirmou que a nota foi emitida em resposta ao grande número de dúvidas de ginecologistas sobre o respaldo científico para a prescrição dos dispositivos.

A Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) também emitiu comunicados sobre os riscos da suplementação quando não há deficiência hormonal. 

A entidade também contraindica o uso para fins estéticos.

Segundo especialistas, a busca por emagrecimento e ganho de massa muscular fez com que crescesse a demanda por esses implantes. 

Mulheres na menopausa também procuram hormônios para aliviar sintomas como redução da libido e aumento de peso.

Conhecidos como "chips", os implantes são tubos de silicone com hormônios que são inseridos sob a pele. 

O único registrado pela Anvisa e comercializado no país é o anticoncepcional etonogestrel.

No entanto, outros tipos são produzidos por farmácias de manipulação com receita. 

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Em resposta à controvérsia sobre a falta de registro, a Elmeco, uma das principais empresas que produzem implantes no país, divulgou comunicado em que afirma que suas fórmulas manipuladas, por não serem industrializadas, "não têm e não podem ter registro". 

A empresa afirma ainda que farmácias de manipulação são regidas por uma legislação específica.

A endocrinologista Dolores Pardini, responsável pelo ambulatório de reposição hormonal da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e ex-presidente do Departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia da Sbem, observou aumento na prescrição de hormônios. "O mercado teve uma expansão violenta desses 'chips'", diz.

Segundo Pardini, mulheres preocupadas com baixos níveis de testosterona buscam a suplementação.

De acordo com posicionamento de entidades internacionais publicado em 2019 no The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, a única indicação com evidências para o uso do hormônio em mulheres é o transtorno de desejo sexual hipoativo –distúrbio caracterizado pelo desinteresse por relações sexuais. 

O diagnóstico é feito em mulheres na menopausa e baseado no quadro clínico, não na dosagem do hormônio.

O ginecologista Ricardo Bruno, membro da Febrasgo e chefe do ambulatório de reprodução humana e ginecologia UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), associa o aumento na procura por hormônios à divulgação de promessas estéticas.

"Vemos jovens, de 20 a 30 anos, utilizando esses androgênios. Elas começam a usar e não param mais, porque atingem o corpo que queriam." 

Ele ressalta a falta de pesquisas sobre os efeitos do uso prolongado de testosterona.

Outros médicos, entretanto, prescrevem os dispositivos. O ginecologista Igor Padovesi, membro da Comissão de Comunicação Digital da Febrasgo, afirma que há mulheres que se beneficiam dos implantes. Em alguns casos, "na dose certa, a testosterona é bem-vinda".

Padovesi também prescreve implantes de gestrinona, popularizados sob o nome "chip da beleza", para pacientes com endometriose, por exemplo. 

Segundo ele, a indicação não deve ser estética e o uso inadequado pode trazer riscos como engrossamento da voz e aumento dos pelos corporais.

Maria Janieire Alves, cardiologista do Incor e professora da Universidade de São Paulo, percebeu aumento no número de pacientes com efeitos colaterais como arritmia e hipertensão causados por implantes de testosterona.

"Inicialmente podem existir benefícios estéticos, mas depois de quatro meses os sinais [de excesso do hormônio] surgem, como piora do cansaço e aumento da pressão arterial." Também há maior risco de infarto e derrame, diz Alves.

O caminho para regular a testosterona na menopausa ou conquistar um corpo mais saudável é, de acordo com a cardiologista, velho conhecido: aliar exercícios físicos, em especial a musculação, com alimentação saudável.

OS EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO DE TESTOSTERONA

Expectativas

Riscos

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