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Os 20 anos de Harry Potter no cinema

Em 2001, após três livros vendidos mais rápido do que água, Harry Potter chegava aos cinemas

26 NOV 2021 • POR Ana Claudia Paixão • 06h00

O mundo dos trouxas mudou em 1997. Em tempos ainda primórdios de redes sociais, foi um bruxinho desajeitado e órfão que uniu o mundo nas páginas de um livro infantil que rapidamente virou fenômeno. Como um passe de mágica. 

O nome dele é Harry Potter.

Em 2001, após três livros vendidos mais rápido do que água, Harry Potter chegava aos cinemas em um dos raros casos de adaptação (quase) perfeita, com um elenco de crianças que cresceram diante dos nossos olhos e viraram estrelas mundiais.  

É quase inacreditável que a estreia de Harry Potter tenha sido há 20 anos (e a conclusão, há 10!). 

Sua saga ainda é viciante, e, embora J. K. Rowling esteja encarando cancelamento, o universo que ela criou é perfeito. 

Assim como J.R.R. Tolkien nos apresentou um mundo com idiomas, regras e línguas próprias, a autora abriu a cortina do tempo para a magia. 

Eu amo. Li todos os livros: com meu sobrinho, quando era pequeno, e atualmente curto tudo de novo com minha sobrinha, com quem tive o prazer de não apenas rever todos os filmes, mas presentear com a caixa completa dos livros. 

Harry Potter é uma questão de paixão familiar.

O marco dos 20 anos foi celebrado pela HBO Max (Warner), com o primeiro filme Harry Potter e a Pedra Filosofal, nos cinemas (se você perdeu, pode revê-lo na plataforma) e o anúncio de um especial, Harry Potter – 20 Anos de Magia: De Volta a Hogwarts, que tem cerca de 90 minutos de conteúdo, incluindo imagens inéditas de bastidores e entrevistas com o elenco original. 

Vai ao ar no dia 1º de janeiro de 2022.

Mas hoje queria revisitar os sete filmes de Harry Potter. Topa essa viagem?

“Harry Potter e a Pedra Filosofal“: Harry Potter descobre que é bruxo e o mundo se apaixona

No primeiro filme, Harry é um órfão, criado pelos tios e não sabe sobre sua verdadeira (e mágica) origem. Sua ida para Hogwarts o introduz ao mundo dos bruxos e a seus melhores amigos: Hermione Granger e Ron Weasley. 

Harry também faz inimigos e descobre que o maior bruxo de todos os tempos, que supostamente morreu quando tentou matá-lo, pode estar vivo. E quer vingança.

O mais infantil de todos os livros e filmes, esta produção tem o mérito de ter selecionado bem o elenco de iniciantes: Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint, em especial. 

Para equilibrar a inexperiência dos jovens, criou a fórmula mágica a ser repetida em todos os longas. 

Os professores são ‘coadjuvantes’ estelares, apenas os melhores dos melhores atores do teatro ou cinema inglês: de Maggie Smith a Richard Harris, um equilíbrio que se provou acertado.

“Harry Potter e a Câmara Secreta”: Harry Potter tenta descobrir mais sobre seu passado

Aqui Harry já está mais confortável em saber que é bruxo, mas, tanto em Hogwarts quanto fora da escola, o perigo continua no seu caminho porque Voldemort está à espreita para voltar e eliminar o pequeno bruxo, desta vez, definitivamente.

Um pouco mais divertido que o anterior, ainda assim, totalmente voltado para o público infantil. 

Os efeitos melhoraram e as estrelas britânicas como professores de Hogwarts, continuam roubando a cena. Neste caso, em particular, é a vez de Kenneth Branagh. 

Para os fãs da saga, nesse segundo filme importantes pistas para o futuro de Harry são apresentadas, mas só associamos tudo na conclusão.

“Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban“: Harry conhece seu padrinho, o traidor que causou a morte de seus pais

A esta altura, ver Harry em perigo já é uma constante. Mesmo com uma poderosa rede de protetores, o jovem bruxo entra na pré-adolescência e revela pequenos traços de rebeldia, provavelmente herança paterna. 

As crises existenciais não ajudam à Harry e o expõe ainda mais à Voldemort.

A trama tem uma dose de elementos mais dramática, seguindo os livros, que passaram a ganhar mais volume e densidade. 

O longa traz emoção pela participação inspirada de Gary Oldman como Sirius Black, o padrinho de Harry. 

Dirigido pelo brilhante Alfonso Cuarón, é o filme da ‘virada’ de qualidade da série, abandonando de vez a infantilidade e apostando em interpretações mais aprofundadas, mesmo que se dê o desconto de ser ‘Harry Potter’. 

Cuarón mudou o visual das personagens, indicou um caminho para os três protagonistas e o resultado é fascinante. A trilha sonora de Patrick Doyle é outro destaque.

“Harry Potter e o Cálice de Fogo: Harry encontra seu arqui-inimigo, Voldemort.

Harry tem que lidar com a indesejável celebridade em Hogwarts e descobre que Voldemort está de volta.  

Estaria Harry pronto para um novo duelo com o arqui-vilão? Seus protetores começam a sofrer as consequências, um por um, e pior: aparentemente acreditam que Harry não conseguirá vencer a batalha. 

Pelo menos, não sozinho.

Mike Newell substituiu Cuarón na direção e conseguiu fazer com que seu time de atores, agora verdadeiramente adolescentes, fosse além do básico que vinha apresentando até então. 

De quebra, outros elementos passam a ter espaço no roteiro, como a primeira namorada de Harry e a rápida participação de Robert Pattinson, que saiu daqui para o fenômeno Crepúsculo.  

Mas o destaque mesmo do quarto filme é a entrada – física, finalmente – de Ralph Fiennes como Voldemort. 

Rápida, mas assustadora e marcante. 

Sempre que fez vilão, Fiennes sempre foi imbatível, mas a verocidade, o ódio e o rancor que imprimiu à sua personagem nessa saga é ainda mais assustadora que no livro, sinal que a inclusão de seu nome ao elenco foi essencial para o sucesso da série.

“Harry Potter e a Ordem da Fênix“: Harry e os amigos se reúnem para lutar

Na literatura, este foi o primeiro da ‘sequência tijolo’ que marcou o final da saga nos papéis. 

Eram mais de 200 páginas. A batalha entre Harry e Voldemort vai ganhando força e forma, mesmo que a trama não avance muito. Ainda assim, Harry descobre coisas de seu passado que o surpreende.

Divertido e popular, mas não é para mim o filme mais marcante da série. 

É o filme dos mocinhos, onde o grupo fica mais claro e os papéis de cada um também. 

Fiennes, mais uma vez, ao lado de Alan Rickman e Helena Boham-Carter, dá o equilíbrio da experiência teatral sobre a juventude do elenco principal.

“Harry Potter e o Enigma do Príncipe“: Harry está “quase” pronto para a guerra

Penúltimo capítulo da série – na literatura – e ante-penúltimo, no cinema, portanto já começa o sentimento de reta final, que vai acabar, etc. 

Harry descobre um diário que o ensina truques ainda mais poderosos, mas uma virada trágica no destino põe fim à sua infância e o coloca na reta final do embate com Voldemort.

A minha maior decepção de toda saga por ser o melhor dos livros, mas uma das mais fracas adaptações para as telas, eliminando aspectos de extrema importância que fazem toda diferença na trama.  

Alan Rickman, no entanto, faz de Severus Snape a mais perfeita tradução do que J.K.Rowling descreve nos livros. 

Seria ele um herói às avessas ou malvado professor? A dualidade é mantida por Rickman, o que contribui, mesmo para quem saiba a resposta para a pergunta, pela ansiedade da continuação.

A trivia fica por conta da estréia do sobrinho de Ralph Fiennes, Hero Fiennes-Tiffin, no mesmo papel que o tio famoso na aparição de Voldemort ainda com 11 anos.

“Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 1“: Harry se prepara para a batalha final

Chegamos ao ponto em que Harry Potter não quer mais adiar o confronto com Voldemort, que agora está em pleno poder do mundo dos bruxos. 

Mas, para encarar o vilão, Harry tem que sair em busca das relíquias da morte para ter alguma chance no duelo final, sempre – ou quase sempre – com a ajuda de Ron e Hermione.  

Nos filmes anteriores, Harry conseguiu escapar vivo, mas sempre com sorte ou muito esforço. 

Como todo filme que já sabemos que não será conclusivo (parte 1), o longa sofre com o que parece ser uma barriga, dependente demais de Daniel Radcliffe e Emma Watson. 

Efeitos que ainda hoje são impressionantes, é emocionante e denso, mas com uma sensação de irregular.

“Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 2“: Como tudo acaba

Harry Potter não tem mais nada a perder e, com Ron e Hermione ao seu lado, encara Voldemort de frente. Apenas um conseguirá sair vivo. Será?

Para os fãs, um filme cartartico e que amarra as pontas. 

A sensação de despedida, de fim em cada tomada. 

Não desaponta na parte da missão de vida de Harry, mas a falta de química entre Daniel Radcliffe e seu par romântico, Bonnie Wright como Ginny Weasley, já tinha deixado a desejar na parte 1, aqui faz falta. No livro o amor dos dois é emocionante, nas telas é cringe. Fica um vazio na vida do bruxinho que incomoda.

Ainda assim, em um longo filme, a saga chega a um novo capítulo de Hogwarts, com direito a lágrimas, risos, gritos e muita emoção.

Todos os sete filmes já estão disponíveis na HBO Max.