O último reajuste nos preços da gasolina e do diesel anunciados pela Petrobras foram no dia 26 de outubro.
Nas últimas três semanas a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aponta certa estabilidade nos preços praticados em Mato Grosso do Sul, mas a realidade no interior do Estado nem sempre acompanha a da Capital.
Em Água Clara, por exemplo, o litro da gasolina comum chega a ser comercializada a R$ 7,35.
No município os preços aferidos foram de R$ 7,14 a R$ 7,36. Em Ribas do Rio Pardo há postos que comercializam o combustível fóssil a R$ 7,03 e na cidade de Naviraí o litro chega a R$ 7,14. Os preços foram conferidos in loco pela reportagem.
O diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Automotivos (Sinpetro-MS), Edson Lazarotto, diz que os preços são ditados pelo mercado.
“O mercado de combustíveis sempre foi e será livre tanto para os postos como para distribuidoras. O sindicato não tem como intervir e nem tampouco explicar preços de cada posto independente de local onde é comercializado, entendemos e recebemos informações que os preços divergem entre as distribuidoras e também preços dos fretes o que origina preços diferentes da Capital, onde estão concentradas 100% das distribuidoras”, explica.
De acordo com o doutor em economia Michel Constantino a distância das distribuidoras e o aumento do frete fazem com que o combustível fique mais caro no interior.
“As cidades do interior principalmente, praticam preços mais altos, e conforme aumenta a demanda de fim de ano, aumentam os preços. Além disso, os custos logísticos como o frete mais caro fazem os postos aumentarem os preços”, analisa.
Os dados da ANP apontam preço médio de R$ 6,54 em Mato Grosso do Sul, variando entre R$ 6,35 e R$ 6,99. No entanto a pesquisa oficial só leva em conta as cidades de Campo Grande, Dourados, Ponta Porã e Três Lagoas.
Mesmo sem considerar os preços de outras cidades, o valor médio registrado pela ANP é recorde da série histórica da agência como o maior valor médio já aferido.
Com o último reajuste do dia 26 de outubro a gasolina acumula alta de 73,4% nas refinarias da Petrobras em 2021.
PARIDADE
A política de formação de preços dos combustíveis derivados do petróleo tem sido pauta de discussões entre setores e políticos.
O preço do barril do petróleo tipo brent é usado como referência para a Petrobras, os preços seguem a paridade internacional. O preço de paridade de importação (PPI) reflete os custos totais para internalizar um produto.
É uma referência calculada com base no preço de aquisição do combustível.
Problema apontado pelo mercado financeiro é que quando os preços do petróleo sobem a Petrobras registra aumento, mas quando o barril apresenta redução os combustíveis não tem queda.
No dia 25 de outubro o barril era comercializado a US$ 86, na semana passada o preço chegou a US$ 68,9. Em outubro o reajuste foi de 7% nos preços da gasolina, já na semana passada não houve alteração.
“A forma de precificarão da Petrobras é um assunto muito questionado a muitos anos , os postos sempre ficam na expectativa de redução porque quando ocorre aumento ao contrário de que muitos pensam é ruim para o consumidor e também para os postos, pois perdemos margem e volume de vendas”, considera Lazarotto.
O economista explica que a análise de reajuste e queda do petróleo é realizada a cada quinze dias, se nesses quinze dias tiverem uma variação negativa a tendência é reduzir os preços, se a variação for positiva eles reajustam para cima.
“Além disso, o petróleo no mundo está em falta, a oferta é menor que a demanda, por isso, mesmo caindo o valor do barril, a maioria das vezes o preço da Petrobras não cai. Esse efeito é mais forte neste momento de falta global de petróleo”, disse Constantino.
CÁLCULO
O presidente Jair Bolsonaro já disse que há a intenção de rever a metodologia de cálculo dos combustíveis. Assim como já afirmou que a maior fatia dos valores fica com os governos estaduais.
Neste domingo (5) o presidente chegou a afirmar que haveria uma redução nos preços dos combustíveis.
“A gente anuncia agora, esta semana, pequenas reduções, a princípio toda semana, do preço dos combustíveis”, afirmou Bolsonaro, embora a política de preços da estatal não tenha prazos definidos para ajustes nos preços.
Ontem (6) no entanto a estatal afirmou que ainda não há decisão tomada sobre cortes nos preços dos combustíveis.
“A Petrobras não antecipa decisões de reajuste e reforça que não há nenhuma decisão tomada por seu Grupo Executivo de Mercado e Preços (GEMP) que ainda não tenha sido anunciada ao mercado”, afirmou a empresa, em comunicado ao mercado.
Ainda em comunicado, a Petrobras diz que “ajustes de preços de produtos são realizados no curso normal de seus negócios e seguem as suas políticas comerciais”, que preveem o monitoramento dos mercados e análise diária do comportamento dos preços em relação a cotações internacionais.
“A Petrobras tem que mostrar resultados para seus acionistas, portanto não abre mão de sua margem de lucro assim como governos Federal e Estadual, pois todos dependem dessas receitas."
"[A solução seria] um amplo estudo tributário e a Petrobras se tornar totalmente autosuficiente para atender o mercado interno”, contextualiza Lazarotto.