Não é de hoje que os motoristas de Campo Grande passam por problemas com os semáforos espalhados pelos cruzamentos do município. Em dias de chuva, o transtorno se intensifica quando os sinaleiros sofrem apagões.
O motorista Vitor Pereira, de 26 anos, relatou à reportagem do Correio do Estado que durante os temporais o trânsito se torna um verdadeiro caos em função das falhas do sistema de semaforização.
“No dia a dia, quem dirige aqui por Campo Grande já identifica problemas nos semáforos, alguns caindo, outros que não iluminam direito. Mas, durante alguma chuva, isso fica muito pior, porque vários sinaleiros param de funcionar e simplesmente desligam. Quem está dirigindo precisa redobrar a atenção e contar com o bom senso dos outros motoristas para que o trânsito siga sem que ocorram acidentes”, explicou Pereira.
Conforme o chefe da Divisão de Operação e Coordenação e Fiscalização de Trânsito da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), Carlos Gomes Guarini Leite da Silva, há um número maior de ocorrências durante as chuvas.
“Registramos um volume maior de demandas durante as chuvas. Por causa do tempo, alguns sinaleiros sofrem com a oscilação de energia, e nestes momentos os agentes atuam para ordenar o trânsito e auxiliar no fluxo”, afirmou.
ACIDENTES
Segundo o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBMMS), inúmeras ocorrências estão relacionadas a panes dos sinaleiros. Nos últimos anos, diversos acidentes graves foram causados pela falta de sinalização em Campo Grande.
Em 2018, o Correio do Estado noticiou a morte de um motociclista de 23 anos, que foi vítima de um trágico acidente na Avenida Nelly Martins (Via Park) em função do desligamento de um semáforo.
Neste ano, no dia 25 de janeiro, o semáforo danificado no cruzamento da Avenida Thirson de Almeida com a Avenida Raquel de Queiroz ocasionou um acidente envolvendo um caminhão e uma caminhonete, deixando uma pessoa ferida.
Para apurar a situação dos sinaleiros da Capital, uma equipe de reportagem saiu pelas vias do município na tarde de ontem e, em poucos minutos, identificou três semáforos danificados – pelo menos dois deles estavam interferindo no fluxo dos carros.
O semáforo da Avenida Gunter Hans com a Rua Panambi Vera estava com falha no funcionamento da luz verde, que não acendia, o que fez com que as pessoas parassem no local e ficassem esperando o sinal abrir, o que não ocorria. O problema com a luz piorou ainda mais o fluxo do trânsito, que já não é dos melhores em razão das obras na região.
Outro sinal com defeito foi encontrado na Avenida das Bandeiras com a Rua Esso: a estrutura estava desligada.
Ao ver o semáforo, os motoristas reduziam a velocidade, esperando que ele funcionasse, no entanto, quando percebia a falha do sistema, eles aceleravam, momento em que quem vinha da Rua Esso tentando entrar na avenida ficava parado, esperando por muitos minutos para seguir pela rota.
Já na Avenida Albert Sabin, o semáforo perdeu parte da sua estrutura. Depois dos fortes ventos que atingiram a Capital no fim de semana, moradores da região, assustados com a possível queda do sinaleiro, postaram em suas redes sociais pedindo que a Agetran enviasse servidores para a manutenção do dispositivo.
EXPLICAÇÃO
Em dezembro de 2021, durante conversa com a equipe de reportagem do Correio do Estado, a Agetran justificou que a situação recorrente de queda de energia ocorre por conta do furto dos fios de cobre.
“Os problemas mais comuns ocorrem por oscilação de energia. Quando isso acontece, por uma questão de segurança, os semáforos ficam piscando. Nesses casos, os avisos podem ser feitos pelo telefone 156”, alegou a agência em nota.
“Também há casos de roubos de fios, que têm sido frequentes em Campo Grande e demandam mais tempo para reposição e restauração do semáforo. As denúncias também podem ser feitas no 156”, completou.
A Agetran afirmou ainda que a Guarda Civil Metropolitana tem feito operações para impedir este tipo de crime.
A reportagem tentou contato com a Agetran na tarde de ontem, para novos esclarecimentos a respeito dos semáforos com falha, mas não obteve respostas até o fechamento desta edição.
APAGÃO
As fortes tempestades registradas em Campo Grande no fim de 2021 causaram o desligamento de 89 semáforos no município. As equipes encontraram 22 defeitos variados. Entre eles estavam queima de fontes e picos de energia, que causam o desarmamento do sinaleiro para que não queime.
Em alguns pontos, os semáforos foram afetados em função da queda de árvores e da interrupção de energia. Para restabelecer a sinalização, a prefeitura realizou uma operação que consertou todos os semáforos.
MANUTENÇÃO
Em 2020, a Prefeitura de Campo Grande renovou por mais dois anos o contrato com o Consórcio CAM, que faz a implantação, a manutenção preventiva e o conserto da sinalização horizontal, vertical e semafórica.
Com a prorrogação, houve também um reajuste de 3,6% no valor do contrato, que foi originalmente firmado em 2018. O valor atualizado será de R$ 42.530.475,01, ante o valor original de R$ 41.052.582,06.
O contrato foi prorrogado por 24 meses, válido até abril de 2022. Desde abril de 2018, o consórcio é responsável pela instalação, manutenção preventiva e corretiva de placas, faixas e semáforos.
O contrato estabelece que o consórcio faça manutenção corretiva no prazo de até duas horas a partir do acionamento, além da instalação dos equipamentos. O termo aditivo foi firmado entre o diretor-presidente da Agetran, Janine de Lima Bruno, e o representante do consórcio, Gilberto Andrade.
IMPLANTAÇÃO
Ainda em 2020, a Prefeitura de Campo Grande realizou licitação para a implantação de sinalização semafórica no Corredor Sudoeste de Transporte, nas ruas Brilhante e Guia Lopes. A empresa vencedora foi a Cobrasin Brasileira de Sinalização e Construção Ltda.
As obras nas vias começaram em 2016, ainda na gestão do ex-prefeito Alcides Bernal. A previsão da prefeitura é de que o corredor de transporte público na Rua Brilhante fique pronto até o fim de março.
Tempestades
As fortes tempestades registradas em Campo Grande no fim de 2021 foram responsáveis pelo desligamento de 89 semáforos. Foram detectados mais de 22 defeitos nos equipamentos à época.