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GASTRONOMIA Arroz para todos os gostos: carreteiro e risoto de camarão O arroz permanece como uma boa pedida em todas as regiões, e neste fim de semana você pode curtir o sabor de 2 combinações irresistíveis com cereal branco 5 MAR 2022 • POR Marcos Pierry • 10h30

Não tem jeito. Na hora H, quando bate a fome e não se encontra nada na geladeira, o “nada” muitas vezes vira uma ponta de esperança naquele restinho de arroz que sobrou da última refeição. 

O “branquinho” que salva é um dos cereais mais cultivados do mundo – perdendo apenas para o milho e o trigo –, com a “responsa” de alimentar mais da metade da população do planeta.

Embora seja dominada por países asiáticos, a produção brasileira figura como a nona do ranking em termos de volume – na casa de 10 ou 11 milhões de toneladas anuais.

 Mesmo assim, com o alto consumo diário, o Brasil também é uma das nações que mais importam arroz. Na média, cada habitante consome 60 quilos por ano.

Mas, para as receitas deste fim de semana, você vai precisar de bem menos que isso. 

Com apenas um quilo de arroz, é possível preparar duas receitas irresistíveis e descomplicadas, que representam um pouco da diversidade e do sabor que o “branquinho” oferece à culinária nacional: o arroz carreteiro e o arroz com camarão.

BRANQUINHO

“Branquinho” bem entre aspas, pelo menos para os praticantes da cozinha natural, que são grandes adeptos do arroz integral.

Essa variedade diferencia-se do arroz branco apenas por apresentar normalmente uma cor castanha, já que dela se retira apenas a casca mais externa. 

Por isso, o integral requer um pouco mais de tempo de cozimento. Na verdade, tanto um quanto o outro pertencem, na nomenclatura científica, ao mesmo gênero de espécies – o Oryza.

ORIGEM

A origem do arroz carreteiro está no Rio Grande do Sul e antecede o período republicano. 

Ou seja, antes de 1889, os comerciantes (tropeiros) que mercavam por toda a geografia gaúcha tinham de percorrer longas distâncias, em carroças de tração animal, com alimentos não perecíveis ou que pudessem suportar o tempo de duração das viagens.

O feijão-tropeiro também decorre dessa experiência exploratória que, além de gerar renda aos mascates, funcionou como um importante motor de ocupação do território.

Nos primórdios, o arroz, o charque e a banha formavam a base do prato. O carreteiro foi, aos poucos, recebendo novos ingredientes e passou a ocupar o cardápio de outras regiões, a exemplo de Minas Gerais, até se tornar uma preferência nacional.

CARNE DE SOL

As adaptações são inúmeras, mas a principal, talvez, seja a introdução da carne de sol no lugar do charque. Aliás, aí está uma mudança no preparo do prato que costuma calar fundo no paladar sul-mato-grossense. 

Seja qual for o tipo de carne utilizada, você não vai gastar tanto tempo nem dinheiro para providenciar o seu próprio carreteiro.

TEMPO E DINHEIRO

Já o arroz com camarão, para casar com o bolso de quem quiser prepará-lo, pode ser agendado para o dia do pagamento. 

Em Campo Grande, o preço médio do marisco com cabeça e casca gira em torno de R$ 60. 

No Rio de Janeiro, durante a maior alta do preço nos últimos anos, o quilo do produto chegou a atingir quase R$ 300. O tempo de preparo também é bem maior. Mas quem disse que você não merece esse privilégio?

E, se achar que facilita, substitua o caldo com as cabeças e as cascas dos camarões por um caldo de peixe. Depois, é só ser feliz. Um bom apetite!

Arroz carreteiro

Ingredientes

> 500 gramas de charque;

> 400 gramas de arroz;

> 3 tomates;

> 2 cebolas;

> 1 pimentão verde;

> 2 dentes de alho;

> 1 colher (sopa) de salsa picada;

> Sal.

MODO DE FAZER

Corte o charque em tiras ou desfie-o cuidadosamente. Coloque-o de molho em bastante água fria na noite anterior. Enxague, escorra e seque com um pano.

Salteie a carne, em fogo alto, em uma panela grande com três colheres (sopa) de óleo, mexendo sempre até que fique dourada. 

Diminua o fogo, acrescente o pimentão, sem sementes e picado, as cebolas e os dentes de alho picados bem miudinhos. 

Refogue, sem deixar de mexer, até que também fiquem dourados. Adicione os tomates sem pele, sem sementes e picados e refogue durante 10 minutos em fogo baixo.

Junte o arroz, salteie durante 2 minutos e adicione duas medidas de água fervente para cada medida de arroz. Tempere e, quando ferver, diminua o fogo. Tampe e cozinhe por aproximadamente 16 minutos.

Retire do fogo, polvilhe com a salsa picada e sirva, imediatamente, na própria panela.

Arroz com camarões 

Ingredientes

> 800 gramas de camarões;

> 500 gramas de arroz;

> 2 tomates maduros;

> 1 cebola;

> 1 colher (sopa) de banha de porco ou óleo;

> 1 colher (sopa) de coentro picado;

> Sal.

MODO DE FAZER

Descasque os camarões, retire as cabeças e as cascas e coloque-as em uma panela com 2 litros de água, deixando cozinhar durante uma hora. 

Coe o caldo e passe para uma outra panela. Salteie a cebola picada em uma panela grande, em fogo baixo, com uma colher de banha de porco derretida ou de óleo. Mexa até que doure (cerca de 5 minutos). 

Acrescente os tomates descascados, sem sementes e picados, o coentro, uma xícara do caldo das cascas do camarão e sal. Tampe e deixe cozinhando, durante 15 minutos, em fogo baixo. 

Junte o arroz, refogue durante 1 minuto e acrescente duas medidas do caldo das cascas para cada medida de arroz. Tempere, deixe ferver, tampe a panela, diminua o fogo ao mínimo e cozinhe por aproximadamente 15 minutos. Acrescente os camarões e mexa para misturá-los ao arroz. Cozinhe por mais 4 minutos. Sirva ainda bem quente.