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REPOSIÇÃO JÁ

Professores perderam um terço do salário nos últimos anos e param aulas na UFMS

Categoria busca avanço nas negociações em relação ao reajuste salarial de 19,99%, que deveria ser de 33,7%

28 ABR 2022 • POR Leo Ribeiro • 12h00

Nesta quinta-feira (28), em apoio ao movimento nacional, professores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) também paralisaram as atividades e realizaram ato vestindo camisetas pretas e entregando panfletos. Em pauta, a busca pelo avanço nas negociações em relação ao reajuste salarial de 19,99%.

Conforme o presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Adufms), Marco Aurélio Stefanes, todos os câmpus da UFMS no Estado aderiram à paralisação.  

Ele aponta que o chamado "reajuste emergencial" solicitado corresponde à inflação dos últimos três anos. "De 2019, 20 e 21, relativo ao governo Bolsonaro. Nós, professores das universidades federais, desde 2015 que foi nossa última campanha salarial, nossa perca está em torno de 33,7%", aponta ele.  

Marco salienta que, desde dezembro a categoria tenta audiência com o Ministério da Economia e não foram atendidos. Com isso, em 18 de janeiro foi protocolada a pauta de reivindicação, que abrange o reajuste da inflação, reforma administrativa e teto de gastos.  

"Nós aqui, na UF, estamos com um orçamento da ordem de 10% de investimento do que a universidade tinha em 2014. Isso têm estrangulado a qualidade do trabalho nosso, como professor e pesquisador, e da universidade como instituição", afirma ainda

busca por respostas

Marco aponta que, após quatro meses, somente no final de março o Governo sinalizou uma reunião para receber a classe e ouvir as reivindicações, sem dar uma proposta.  

 "Ele anunciou na mídia uma possibilidade de 5% de reajuste, mas não é oficializada para o fórum. Então hoje, estamos em Brasília pedindo uma audiência na Secretaria de Planejamento, para que a gente sente e negocie", diz o presidente da Adufms.  

Segundo ele a paralisação é uma forma de "pressionar" o Governo para que as reivindicações sejam minimamente atendidas, ressaltando que a inflação de dois digítos está cada vez mais insustentável.  

"33% significa que perdemos um terço do nosso salário nos últimos anos, o que é muita coisa muito significativa. Mas não é só isso, tem o corte no orçamento, e ele prejudica a qualidade do serviço que a gente presta", afirmou.

Por fim, Marco expõe que além da falta de incentivos, dos cortes nos orçamentos, o setor de pesquisas sofre um fenômeno chamado "fuga de cérebros".  

"Muitos pesquisadores, por conta de uma política negacionista, de dizer que a ciência não surte efeito, etc. Já fomos chamados zebras gordas; já foi dito pelo próprio ministro que vai colocar uma granada em nossos bolsos... esses ataques constantes à profissão de pesquisador e professor, faz com que a gente seja agredido, como a gente se sinta dessa forma. Vindo de quem deveria defender o serviço público e não atacar dessa forma, porque no fundo a população é prejudicada com essa situação", finaliza.