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NA CONTRAMÃO Preço do óleo de soja deve permanecer alto, e exportações pela Bioceânica não são a saída Valor só deve baixar quando MS transformar a própria soja em farelo e óleo, diz especialista 27 MAI 2022 • POR Leo Ribeiro • 12h06

Facilitadora das exportações, a instalação da Rota Bioceânica pouco deve refletir no preço que o consumidor paga no óleo de soja. Durante o maior fórum sobre o corredor rodoviário, o gerente comercial da Cooperativa Sul-Mato-Grossense (Copasul), Rafael Cristiano Dolenkei que tratava na manhã desta sexta-feira (27) sobre "Exportação de Grãos para a Ásia" destacou que o preço só deve baixar para a população quando Mato Grosso do Sul passar a transformar, em seu próprio território, a soja em farelo e grãos. 

"A gente precisa focar nisso, nossas iniciativas como Estado, região, precisa ser de a gente mandar menos soja in natura, porque ela - na China por exemplo, nosso maior parceiro - é transformada em óleo e farelo lá. A gente precisa fazer isso aqui", comenta.

Ele aponta o salto de preços (de cerca de R$ 3 para em torno de R$ 9) que o óleo teve nos supermercados, dentro dos últimos três ou quatro anos. Conforme Dolenkei, as duas últimas safras foram de grande intempéries climáticas e secas, o que basicamente cortou a produção pela metade. Rafael explica que, para contribuir no preço a curto prazo, é preciso primeiramente de uma colaboração do próprio tempo. 

"Que é o cenário de hoje e agradeço muito que está indo bem, teremos uma safra de milho gigante. Isso já vai começar a ajudar a gente a fazer uma oferta de milho um pouco mais barata, que daí a ração do frango fica mais barata. Mas a gente precisa acelerar muito na produção, gerar valor de milho e soja aqui no Mato Grosso do Sul. Não só produzir a soja aqui, mas agregar valor, transformar ela em farelo e óleo", expõe. 

Ainda, não se pode descartar que a pandemia teve seus efeitos danosos que, aliado à intempérie climática, fez com que muita coisa fosse exportada e reduzisse nossa capacidade de produção.  

"Isso, somado ao dinheiro que o Governo teve que colocar na mão do trabalhador que estava em casa, que gerou um consumo de óleo tão desproporcional que os estoques - a nível de mundo - estão em patamares mínimos de 40 anos. Não tem produção para atender", diz Rafael Dolenkei. 

soluções

"Ele [óleo] precisa de um projeto, de fábrica, que leva dois anos só para ser construída, e para conceber um projeto desses é de 4 a 5 anos. Então a gente, nessa questão, acho que vamos passar um período de preços elevados, é uma conjuntura que se construiu no período de pandemia e não vai ter um revés rápido, é uma tendência", fala o especialista

Para Rafael, a questão do óleo é difícil de se resolver, sendo necessários incentivos e incrementos na renda do brasileiro. "Precisa investir, se estamos realmente preocupados com o custo disso para o nosso cidadão. Como Estado, a gente precisa tomar medidas para incentivar a produção e transformação da soja em farelo e óleo no Mato Grosso do Sul", frisa.

O gerente cita a desaceleração registrada em período de pandemia, dizendo que foi ofertado menos produtos e o consumidor - que teve que se proteger nesse período - e "teve acesso à um dinheiro, que era necessário", o que incentivou o consumo. 

"No nosso período de pandemia a gente teve uma desaceleração de produção muito grande. O que aconteceu, basicamente deu uma desacelerada na produção e no consumo a gente acelerou com os dois pés. ‌O cara tinha que comer, foi para o mercado, então a população comeu o que a gente tinha de estoque de arroz, feijão, de óleo, carne... e ele não pode fugir de comer. E isso tá trazendo consequência para todo mundo". 

Ele finaliza dizendo que é preciso explorar, pois gente capacitada para esse serviço não deve faltar. "Hoje tem empresa que quer fazer, se desenvolver, tem capacidade e 'know how', e acho que esse caminho, sem dúvidas - pensando na população - traria um benefício muito grande".