Logo Correio do Estado

NOVELA Sem cidade cenográfica, gravações de Pantanal se dividem entre a região do centro-oeste e Estúdios Globo Por conta do Covid-19, as gravações no MS que já estavam em sua reta final, foram readequadas, mas continuam normalmente no RJ 20 JUN 2022 • POR Caroline Borges/TV Press • 11h06

Um bom roteiro é o pontapé primordial para uma novela. Em “Pantanal”, no entanto, a imagem salta aos olhos antes mesmo do texto assinado por Bruno Luperi baseado na obra original de Benedito Ruy Barbosa. A famosa região do centro-oeste brasileiro é dominante do começo ao fim dos capítulos. Não à toa, a equipe de cenografia foi em busca de locações para o “remake” ainda em 2020, logo após o anúncio do projeto. 

“A principal marca da novela é o Pantanal. A novela é pura imagem, a força da novela vem de lá (Pantanal). Então, a gente quis reproduzir em estúdio e nas externas tudo o que encontramos na região. Tudo que vimos tentamos trazer, fazer essa conexão. Quando viajamos ao Pantanal para a escolha das locações, não sabíamos exatamente o que esperar. Sabíamos, é claro, da exuberância e da riqueza da região e era o que buscávamos”, explica Alexandre Gomes de Souza, que está à frente da cenografia do folhetim.

Por quase três meses, elenco e equipe estiveram no Pantanal para as primeiras gravações da novela. Porém, boa parte da sequência dos trabalhos segue nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro. As fazendas de José Leôncio e Tenório, interpretados por Marcos Palmeira e Murilo Benício, e a tapera de Juma, papel de Alanis Guillen, foram os principais cenários reproduzidos no luxuoso complexo de estúdios carioca. 

“A gente se baseou bastante nas fazendas brasileiras, que são mais simples e secas. A gente quis replicar tudo, né? Os materiais e as temperaturas”, afirma Alexandre. 

A humilde residência da filha de Maria Murrá, de Juliana Paes, foi, segundo o cenógrafo, o cenário mais difícil de reproduzir nos luxuosos estúdios do Rio. 

“Quisemos reproduzir esse clima da personagem que vive no limite da sociedade e a natureza. Temos uma tapera lá no Pantanal e outra no Rio. Tive de ter muito cuidado para respeitar esse local, essas madeiras. Foi bem difícil de reproduzir nos estúdios. Era um cenário muito aberto e que se conecta demais com a paisagem. Até trouxemos uma árvore lá do Pantanal para completar e ornar com tudo”, aponta.

Diante de tantas possibilidades no Pantanal, a equipe optou por não construir cidade cenográfica no Rio de Janeiro. Inclusive, equipe e elenco retornaram recentemente à região para uma segunda rodada de gravações externas no Mato Grosso do Sul. Os trabalhos, no entanto, sofreram alterações por conta de um surto de Covid-19 entre o elenco. 

A equipe tem acompanhado os desdobramentos da pandemia para rever e atualizar protocolos de biossegurança. No Pantanal, as gravações, que já estavam em sua reta final, foram readequadas. Os trabalhos, porém, continuam normalmente no Rio de Janeiro, tanto em estúdio, quanto em externas. 

“Com a diversidade de paisagens que tínhamos no Pantanal, não fazia sentido termos uma cidade cenográfica para representar o local no Rio de Janeiro. Por isso, optamos por construir nos Estúdios Globo os cenários fixos, como o interior da casa de José Leôncio, a tapera da família Marruá e o galpão dos peões, e outras áreas internas”, ressalta.

Ao todo, seis fazendas dão suporte direto nas gravações, sendo três delas usadas como locação, contendo rio, casa, árvores, descampado e baías. A região é a mesma selecionada por Jayme Monjardim para gravar a primeira versão da novela no início da década de 1990. Foram 12 caminhões para contemplar todo o material de produção, produção de arte, cenografia, figurino, caracterização e tecnologia, sendo estimado algo em torno de 144 toneladas de material. 

“Ao chegar, visitamos algumas fazendas e conhecemos toda aquela região da Nhecolândia. Ao nos depararmos com tudo aquilo, não havia dúvidas de que havíamos encontrado o local ideal, que não por coincidência foi o mesmo local onde as gravações aconteceram há mais de 30 anos. É um dos lugares mais bonitos do Pantanal e, com o empenho de toda a equipe, da produção e da direção, conseguimos viabilizar as gravações lá novamente”, relembra.