Após a ação que removeu, no início do mês, entre 60 e 70 famílias de uma área pública ocupada, no Jardim Los Angeles, a Prefeitura Municipal dá início ao chamado "Programa Recomeçar", que deve beneficiar esses moradores da cidade com R$ 500, pelo período de seis meses.
De acordo com o diretor social, contratos, administração e financas da Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários (AMHASF), Cláudio Marques Costa Junior, o dever da Prefeitura é prezar pelas áreas públicas, por isso houve a remoção das famílias do local.
"Chegaram, montaram os barracos com lona. No segundo dia que iniciaram a ocupação, a Prefeitura já teve a ação, onde foi orientado que não estivessem lá, que se retirassem, porquê se não teríamos que voltar e fazer a retirada. Aí, na segunda tentativa - que foi toda aquela situação -, na verdade, a Prefeitura tem dever, por lei, de preservar as áreas públicas", disse.
Cláudio destaca que alternativas foram criadas para impedir que novas ocupações aconteçam. Assim sendo, ficou definido que famílias que não foram beneficiadas e ficaram sem atendimento, serão atendidas com o Recomeçar, que está em fase de implementação.
"É um auxílio para que elas possam subsidiar ou aluguel; água; luz de sua unidade habitacional. As que foram beneficiadas, infelizmente a gente não consegue atender mais. E nós vamos atualizar o cadastro de todas essas famílias", completa.
Segundo a AMHASF, a intenção é atender 500 famílias de Campo Grande, iniciando a ação pelo Los Angeles.
"Mas todas as famílias que se encontram nessa situação vão passar por um processo de atendimento. Esse programa é realmente para recomeçar, onde a gente vai dar o auxílio para que eles se capacitem na Funsat, tenham a oportunidade de se inserir no mercado de trabalho, onde a gente vai acompanhar e monitorar essas famílias ao longo dos meses", afirma o diretor da Agência.
Unidades encaminhadoras parceiras que farão esse trabalho com a AMHASF, no Programa Recomeçar, são a Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS); Casa da Mulher Brasileira; Secretaria de Direitos Humanos e o Fundo de Apoio à Comunidade (FAC).
Conforme a defensora pública do núcleo da fazenda publica, moradia e direitos sociais, Regina Célia Rodrigues, ao saber da situação das mais de 60 famílias, a Defensoria buscou ficar a par da situação junto com a AMHASF.
"Saber como estava acontecendo, de que forma essas famílias estavam sendo removidas, se havia algum atendimento. A diretoria da AMHASF nos posicionou que, as famílias foram imediatamente removidas pelo Município, porem orientadas a comparecer na sede, onde receberiam orientação e encaminhamento, assistencialismo".
Regina expõe que, convidada a participar do atendimento na sede da AMHASF, nenhuma família apareceu na data de 08 de junho, dois dias após a ação.
"E continuamos aguardando para ver se alguém nos procurava na sede da Defensoria, na Antônio Maria Coelho e nenhuma dessas pessoas apareceu, talvez pela dificuldade de deslocamento, porque o bairro é longe", pontua.
Famílias
Desempregada, Sara Crisitina, de 29 anos e mãe de quatro filhos, é uma das moradores que faziam parte da ocupação. Mãe solo, conta que - na atual situação - pagar aluguel, água, luz e comida para ela e suas crianças, se tornou mais difícil.
"Estou parada contando com ajuda. Tenho gêmeos (meninos) de sete anos, uma menina quatro anos e uma menina de oito meses. Eu moro no barraquinho no fim da rua, ali onde teve a invasão", explica.
Sara expõe que já tinha cadastro em todas as agências de habitação, Municipal e Estadual, mas sem um local, precisa da ajuda de terceiros para se manter.
"A avó por parte de pai deles ajuda, traz as coisas pra eles que precisa. O pai ajuda mas não tá morando aqui", cita ainda.
Entretanto, ela frisa que sua atual situação é insustentável e necessita arrumar um serviço.
"Tenho que arrumar um serviço, porque só depender das outras pessoas não dá. A minha expectativa é que eu consiga um lar aqui hoje, porque já ajudaria muito. Moro de aluguel faz 9 anos", pontua.
Além dela, Rosângela Vieira também é desempregada por problemas na coluna, e atua como catadora de reciclagem. Ela ressalta que, na ação desta quinta-feira (23), buscava justamente por uma casa, além do cadastro no Auxílio Brasil.
"Moro aqui na rua, em um barraco, há 21 anos, É na rua mesmo. Mora eu, minha filha, meu filho", diz.
Ainda, ela conta que demais famílias vizinhas compartilham da mesma situação, com barracos edificados na rua.
"É uma rua bem movimentada. Estou esperançosa em relação ao auxílio de 500 reais e a casa própria, que Deus abençoe que dê certo", finaliza