O ex-prefeito de Campo Grande e candidato ao Governo do Estado, Marquinhos Trad, investigado por assédio sexual, pediu à justiça o afastamento da delegada Maíra Pacheco, titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) e responsável pela investigação.
A defesa de Marquinhos acusa a delegada de realizar atos ilegais e abuso de poder no inquérito da investigação, entrando com um mandado de segurança, em caráter de liminar.
Entre as justificativas, estão as acusações da existência de evidências de ilegalidades no inquérito, a partir das quais a delegada teria coagido as potenciais vítimas de assédio
A defesa de Marquinhos alega que a delegada teria entrado em contato com algumas das possíveis vítimas, pressionando-as a falar sobre o abuso, mesmo no caso de negativa.
Justificativa e pedido
As advogadas responsáveis pela defesa e pedido de afastamento da delegada são Rejane Alves de Arruda e Andréa Flores, que relatam vazamento proposital de informações constantes em inquérito policial instaurado e resguardado por segredo de justiça.
Elas alegam, ainda, terem observado inconsistências nas datas de depoimentos, sendo solicitadas as gravações de vídeo para constatar em que dias, realmente, as mulheres foram ouvidas.
Conforme avaliado pela defesa de Marquinhos, alega-se que “a delegada não tem tomado cautelas necessárias para evitar que os elementos de informação colhidos ao longo do inquérito policial, que se encontra sob a sua presidência, sejam indevidamente publicitados'', informa a nota.
É alegada, inclusive, a quebra do princípio da impessoalidade.
A defesa destaca, ainda, a prática de excessos durante diligência de busca e apreensão na Prefeitura Municipal de Campo Grande, ocorrida no último dia 9 de agosto.
Na ocasião, 8 viaturas foram mobilizadas, bem como policiais armados.
À época, conforme noticiado pelo Correio do Estado, a operação da Polícia Civil terminou com a apreensão de dois computadores do gabinete de Marquinhos Trad.
“Em face das ilegalidades retratadas e do abuso de poder constatado, a alternativa que resta ao impetrante é valer-se do presente mandamus para ver garantido o direito de ser investigado por autoridade que se submeta, à risca, aos princípios da legalidade e da impessoalidade”, defendem as advogadas de Marquinhos.
Elas ainda pedem oitivas do Ministério Público para oferecer parecer sobre o caso.
Conforme divulgado pela equipe de Marquinhos, foram anexados ao mandado de segurança 34 provas, como um vídeo da mulher do exterior relatando que foi procurada para apresentar falsa denúncia contra Marquinhos Trad.
Delegada
A equipe do Correio do Estado entrou em contato com a delegada Maíra Pacheco, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem.
Saiba
A investigação contra Marquinhos começou no início de julho, quando, inicialmente, 4 mulheres procuraram a Polícia Civil para acusar o ex-prefeito de crime de assédio sexual nas dependência da prefeitura, enquanto prefeito.
Após o início da investigação, pelo menos 15 mulheres procuraram a polícia para formalizar denúncia contra assédio sexual por parte de Trad.
Desde o início, a investigação é conduzida pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher.
*Eduardo Miranda colaborou.