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RENTABILIDADE Em 10 anos, produção do leite caiu 41,13% em MS Entre os fatores para a queda está o alto custo para os produtores, o que os leva a recuar diante da falta de margem de lucro 24 AGO 2022 • POR Valesca Consolaro • 12h50

Em Mato Grosso do Sul, a produção de leite tem passado por uma queda expressiva. Entre 2011 e 2021, a produção do leite caiu 41,13% no Estado, apontam dados do Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAPA) e da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal do MS (Iagro).

Os dados levantados pelo Departamento Técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), referentes à captação do leite no Estado, foram levantados com base na produção de indústrias inscritas no Serviço de Inspeção Federal (SIF), Serviço de Inspeção Estadual (SIE).

Segundo o levantamento, em 2011, a produção total de indústrias inscritas no SIF e no SIE foi de cerca 291 mil litros, enquanto em 2021 foi de cerca de 171 mil litros.

Com relação ao período de janeiro a maio de 2022, já constatou-se que a produção foi 8,71% menor do que em comparação com o mesmo período do ano passado.

Entre os fatores que levam à queda da produção está o desequilíbrio entre oferta e demanda.

Recentemente, o Correio do Estado noticiou que a produção de leite nacional registrou queda de 9% no primeiro semestre de 2022 em relação ao mesmo semestre do ano passado, segundo última análise do Centro de Inteligência do Leite (CILeite).   

Conforme divulgado, tem ocorrido a alta no preço da matéria-prima, elevando os custos dos lácteos e diminuindo a margem de lucro dos produtores.

Preços

Nos mercados, pesquisa de preço realizada pela equipe do Correio do Estado, em agosto, constatou que o litro do leite UHT tem sido ofertado por um preço médio de R$ 7,34, em Campo Grande. O preço mais baixo foi encontrado por R$ 5,69, e o maior o por R$ 8,99.

Em alguns estados, o preço do litro de leite praticado nos supermercados ultrapassou os R$ 9.

Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a Guerra na Ucrânia, a extensão do período de entressafra, devido ao clima seco e a ausência de chuvas, somada ao aumento do custo de produção (medicamentos e alimentação) e à maior demanda por parte das indústrias de laticínios foram alguns dos fatores que seguiram elevando o preço do leite e derivados no varejo.

Produtor

A alta dos preços do leite tem refletido nas relações de consumo. Além disso, os produtores estão cautelosos com a insegurança do mercado.

Conforme divulgado pelo Sistema Faemg, local de maior produção de leite no Brasil, a atividade leiteira é fundamental para a subsistência e sustentabilidade das propriedades agrícolas familiares de todo o país, seja na geração e complementação de renda ou no consumo diário.

Segundo o presidente da Comissão Técnica de Pecuária de Leite, do Sistema FAEMG, Jônadan Ma, o momento do setor é algo nunca visto na história recente da produção leiteira.

Os prejuízos que levaram à redução da captação de leite em mais de 10% começaram em 2020 e se agravaram em 2021.

Com isso, as indústrias começaram a competir pelo leite disponível no mercado, o que culminou na alta nas gôndolas do supermercado – que não se refletiram em mais ganho para o produtor.

“O repasse ao produtor foi muito pequeno frente às margens conquistadas pelas indústrias, atacado e varejo, então o pecuarista ainda está bastante reticente em retomar o nível de produção”, destacou.

Conforme o analisado pelo CILeite, o período mais complicado em termos de rentabilidade foi o segundo semestre de 2021 e o início de 2022.

“Com pouco leite no campo houve forte competição entre os laticínios na compra do produto, elevando o preço da matéria-prima. Foi também o momento de forçar repasses no mercado atacadista, aproveitando o momento de escassez para recuperar margens”, aponta o CILeite.